quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

De tanto de te amar

De tanto te amar terei de te deixar partir, ganhares asas e fortalecê-las.
Por ti. E também por mim.
Mas acima de tudo, por nós e pelo que temos construído nesta vida.
Um amor como este não se encontra assim, à balda, numa esquina qualquer.
Um amor como este é pela vida inteira.
Mesmo quando tropeçamos uma na outra.
Mesmo quando batemos de frente. E saimos as duas inevitavelmente feridas.
Para logo de seguida nos abraçarmos. E assim permanecermos... minha companheira.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Apetece-me... tanto!

Apetece-me tanto... mas tanto... ter a coragem.
A coragem que me falta. A que me abandonou e a que nunca tive. Juntas.
Preciso das duas. Para me erguer e caminhar... para me afastar. Sem nunca ter a tentação perigosa de olhar para trás. E correr, de volta ao que não quero, ao que me amarra e me amordaça.
Caminho aos tropeções, agarrada a um medo pequenino e discreto, que a espaços se agiganta.
Agarro-me a um muro e sento-me na berma do passeio. Daqui já só me levanto para me ir embora.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sonho

O sonho é possível... é possível deixar de o ser... Será?
Agarro-me ao sonho e mantenho-me nele. Trato-o com carinho. Mimo-o. Dou-lhe colo e calor.
Mantenho-o sempre por perto. Bem perto... do coração.
Quando começa a esfumar-se fejo bem os olhos e aperto-o contra mim. Agarro-o à minha pele. Torno-me nele e ele em mim. Inseparáveis, unidos no sempre.
E não deixo que o sonho deixe de o ser. Este sonho sou eu.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Estás-me

Estás-me em mim. Entranhado em cada poro.
Estás-me no olhar. Estás-me no toque.
Estás-me muito no sentir, no estar.
Estás-me em mim. Entranhado em cada veia.
Corres-me no sangue.
Fazes-me o coração bater a uma qualquer outra velocidade que não conhecia.
E... estranhamente.... gosto... muito.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fruta?

Nem carne, nem peixe...
Um adulto demasiado pequeno? Infantil?
Uma criança com pele de gente crescida?
E no fundo não quero nenhuma. Não sou carne... Nem sou peixe... Por opção. Com Razão.
Fruta?

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

...

Os terrenos, já de si arenosos, voltaram a abater. Primeiro ligeiramente, como se tudo fosse fácil de controlar. De agarrar e voltar a pôr no lugar. Mas não parou. Continua a desmoronar-se. Uns tabiques aqui. Umas pedras mais à frente. Não pára. E provavelmente só terá fim... no fim.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Eu fazia diferente...

Tantas e tantas vezes que oiço... se voltasse atrás fazia tudo igual.
Eu não.
Ai se eu voltasse atrás... experimentava na certa outros caminhos... outra vida e outras vidas.
Sendo que desta há "coisas" das quais não prescindo. Recuso-me. Há "coisas" que quero em qualquer vida.
De resto... experimentava o novo e o diferente.
E concerteza que nos balanços do caminho diria... se eu voltasse atrás tentava de outra forma.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Limões

Deitei-me ali.
No chão.
A sentir os grumos de terra seca e quente na pele.
E adormeci. Por fim.
No ar um ligeiro cheiro a limão que me embalou.
Ao lado, um enorme limoeiro que me guardou o sono e os sonhos das aves de rapina que me rondam.
Descansei. Por fim

Mais uma carta

(das sem respostas)
Descabelo-me por uma resposta tua... uma mensagem... um sinal, de fumo que seja.
E nada.
Em picos sinto fúria e acalmias. Projeto na mente novas ações... respostas... caras fechadas.
Para quê? Sim, para quê se nunca vais perceber o tamanho da minha solidão.

Carta

(a quem nunca responde)
Oi, oi
Sou eu. Sim eu.
Que gosta de ti, que to diz, que to demonstra.
A que te envia corações e frases feitas... lindas de morrer. Lamechas, como tu lhes chamas com ternura.
Sou eu... que gostaria muito de ter uma resposta, simples... bem simples... mas tua. Uma resposta que seja só para mim, que seja minha.
Daquelas que eu saiba que no momento em que a escreveste, fotografavas, a desenhavas estavas com o teu amor posto em mim.
Algo que me quebre a solidão.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Lufadas

Novas lufadas de ar me empurram. Nem sempre o ar é fresco. Mas, também, nem sempre me chega chega enquinado.
E nesses momento respiro... umas vezes mais fundo que outras. E nesses momentos arregaço as mangas. E sigo.
Já não sigo sozinha. Tenho os meus colos de eleição.
Sigo somente na minha solidão, de que parece que não sei abrir mão.
Mas já consigo sorrir. Já consigo acreditar.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Aos poucos

Aos poucos vamos-nos afastando... distanciando.
Aos poucos a loucura que nos uniu vai-se esbantendo... e perdendo a importância.
Aos poucos uma dor impossível toma conta de mim, enquanto nos vejo partir.
Direções opostas... caminhos divergentes... escolhas não comuns.
Aos poucos hei-de reerguer-me. Quando me apetecer... se algum dia me apetecer.
Aos poucos... no meu tempo, que já foi o nosso.
Aos poucos um vazio para preencher.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Respirar

Estacionei no meu sofá. Respirei fundo... uma... duas... três vezes.
Esqueço-me tantas vezes de respirar... e de estacionar por um pouquinho que seja.
Apetecia-me que estivesses aqui. Apetecia-me? que raio de mania esta que tenho de usar este maldito tempo verbal. Apetece-me.
Definitivamente, apetece-me ter-te sentado ao meu lado. Encostar a cabeça no teu colo, fechar os olhos e ouvir-te falares sobre o teu dia, enquanto me remexes os cabelos.
Falta pouco.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Salpicos

Salpico as pernas de pequenos pedaços de lama, enquanto os pés se encharcam e enterram naquele lodo. Corro em circulos. Nado em redor de mim mesma. Vou respirando a espaços... cada vez mais espaçados.
Não há tempo. O senhor coelho rodopia à minha volta com aquele relógio que se agiganta a cada minuto.
Um barulho enorme envolve-me a cabeça e desce pelo tronco, aprisionando-me.
Já não luto. Faço um luto. Para sempre a seguir me erguer. É tempo de voltar à luta.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Algodão doce

Um fio de algodão doce prende-se-me nos cabelos.
E no meio de gargalhadas quero parar o tempo. Tento que o Mundo páre de girar.
Por segundos acredito que tudo pode ser assim... da cor do fio de uma mão de algodão doce.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

...

Sento-me. Encaixada entre dois corpos que tocam o meu, mas nada me dizem.
Sinto o descoforto de um calor que me é estranho.
Tento esquercer aquelas presenças que se intrometem em mim. Intrusivas, sem elas próprias quererem.
Sinto o peso de viver rodeada de estranhos... pouco amistosos.
Sinto o peso de deixar os meus tempo demais.
Sinto o peso desta incapacidade funcional para mudar.
Levanto-me. Sigo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ousadias

Um dia acordei com a ousadia de achar que conhecia bem um alguém.
Dei-me mal.
Um dia acordei a perceber que levamos uma vida para nos conhecermos minimamente as nós próprios.
Tarefa hercúlea e muitas vezes ingrata.
Não gosto de tudo o que descubro. Não consigo mudar tudo o que não gosto.
Algumas coisas mal as tolero.
Agarro-me ao que amo. Tento que sejam coisas que se sobreponham aos cinzentos e negros que tento enfiar a custo numa gaveta apertada.
Choro.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Regressos

Os dúbios regressos que nos causam alegrias, mas nos deixam infelizes.
Parar o tempo poderia ser uma opção.
Até lá... agarro a mim os bons momentos.
Pego nas doçuras da vida e deixo a um canto enrodilhadas as travessuras.
Vôo.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Por uns dias...

Por uns dias o descanso, a paz. Só o riso das crianças.
Por uns dias longos passeios e a cabeça vazia.
Por uns dias os que mais amo ao meu lado...
... se pudessem ser todos... se não fosse pedir demais.
Por uns dias só os meus livros e muitas palavras...
...ditas... sentidas... intuidas.
Por uns dias os relógios param, perdem o sentido, deixam de lado a importância com que se engalanam no resto do tempo.
Por uns dias eu... comigo. Apenas eu.
Só por uns dias...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Tempo

Misturo-me entre cores, cheiros, sons, movimentos... andares.
Percorro o caminho de sempre, de todos os dias.
Piso exatamente o mesmo chão, de onde muitas vezes nem levanto os olhos.
Não por arrogância... não por timidez. Só porque sim. Só por ser essa a minha vontade.
Conheço-lhe os tons, as saliências e reentrâncias. As dores.
O tempo pergunta ao tempo...
E o tempo esfuma-se, foge-me... E de repente, passou.
E amanhã é mais um recomeço previsto.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pequeno

A cabeça encostada no meu colo. Caracois negros... soltos. Olhos que teimas em não fechar.
Um carinho que se constroi... se sente... se aumenta. Mútuo... sim.
Tão pequeno... ali.
E saudades de outro pequeno.

terça-feira, 16 de julho de 2013

RAP (try)

Queria escrever um Rap... a letra de uma canção...
Inspirada no Gabriel e no AC, que é seu irmão.
Uma canção de amor... uma letra de saudades.
Embalo a minha mente num licor de verdades.

Guardo tudo numa mala... nas páginas de um caderno.
Dores, saudades e tristezas... que cruzam a cada inverno.
Um sorriso luminoso quando olho para ti.
Um abraço prolongado quando estás ao pé de mim.

Dou-te o braço... cruzo o passo... enrolo-me nas promessas.
Vivo a vida... a correr... empurrada pelas pressas.
Quando olho à minha volta vejo pouco que me interessa.
Agarro-me à solidão que me acompanha sem cobranças.

Vou variando de vida... de mote... e de paixão.
Até que me apareceste... e me esticaste a mão.
Bebo um copo... leio uns versos de um livro prometido.
Fecho os olhos e viajo neste meu mundo sofrido.

As dores que me acompanham não mas podes tirar.
Mas já vivo com a alegria de te poder abraçar.
Nos teus braços eu respiro... aninho-me... descanso.
Poiso as armas... fecho os olhos... parto em sonhos de anjos.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Espelho

Arrastei os pés pela casa. Cansada. Noites mal dormidas a pesarem-me nos olhos.
Um aperto no peito que me oprimia o pensar.
A luz vinda da janela da casa de banho cegou-me por momentos. Ou já vinha cega de trás.
Obriguei-me a olhar-me no espelho, que naquele momento me pareceu enorme... a refletir a minha imensa tristeza.
Sem dizer nada escorrera-me duas lágrimas cara abaixo... que se foram despenhar na cerâmica branca do lavatório.
O que é que eu estou a fazer a mim própria?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Deixei cair as mãos

Sentei-me no sofá. Costas direitas ligeiramente afastadas. Pernas juntas, joelhos unidos e as mãos caídas no colo.
Deixei cair as mãos para o lado.
Fechei os olhos.
Parei a respiração... o coração serenou, até quase parar.
Uma lágrima ainda conseguiu deslizar... até salpicar a t-shirt, de alças, verde tropa. Havia de secar.
Reabri os olhos e fixei-os no nada.
E assim permaneci... no nada.

Quem me mandou?

Quem me mandou gostar assim de ti? Assim como? Tanto. Tão imensamente.
Quem me mandou sentir saudades?
Quem me mandou deixar entrar esta dor? Que dor?
A dor da ausência.
A dor de não estar por perto para partilhar... para abraçar... parar sorrir...
A dor de quem não pode fazer planos e sonhar com o dia em que vai voltar a ver-te.
A dor da incerteza, a da insegurança, a de se sentir de fora.
A dor de me voltar a sentir sozinha... e temer que os últimos meses tenham sido só um sonho bom.
A dor do esforço imenso para afastar todas estas dores traiçoeiras.
A tua almofada está no lugar dela!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

...

Cegámos e nem demos conta.
Vivemos aos tropeções em nós próprios.
Pisamo-nos sem sentirmos. E quando doi... atiramos a flecha a quem ousa aproximar-se.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Compor a vida

Componho a vida em Sol Maior. Só porque sim e sem perceber nada de música. A não ser algumas notas que me saiem frequentemente da garganta, pela boca.
Componho a vida como se fosse um receita de culinária sempre em aberto... onde junto sempre mais um condimento e retiro outros. Aumento ou diminuo quantidades a meu bel prazer... ao som da minha vontade, do meu crer.
Componho uma vida doce... que não raras vezes amarga.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Colecionismos

Vou colecionar frases. Longas frases que juntas contarão pequenas estórias.
Estórias com brilho da  chuva... e de lágrimas. Com dores e risos.
Estórias minhas... tuas... nossas. Estórias de todos, para todos os que me estão na alma.
Simplesmente... estórias.
Não!
Vou colecionar palavras... centenas delas.
Ou melhor... letras.
É isso! Vou colecionar milhões de letras... alfabetos repetidos, alguns números de 0 a 9, e pontuação, muita pontuação. Quero virgulas e exclamações, quero reticências...
E aí sim, posso compor a vida.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Madrugadas

Que dias longos estes que nos encurtam as madrugadas.
Que longa esta espera.
24 horas? Quem disse com tanta certeza que um dia só tem 24 horas?
Quem nos tentou enganar com tamanha falsidade?
Os nossos dias esticaram. E são únicos, só nossos!
Vivo entrelaçada em nós... e assim permaneço... permanecemos.
Oiço a nossa respiração compassada. Acertámos o ritmo.
E o dia volta a ter mais de 24 horas a cada nascer de um sol.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Anjos e fadas

"Andam anjos a deixar palavras nos bancos públicos"
... pelos sítios onde se escondem as fadas...
... onde se trocam juras de amor terno e eterno, e se vertem lágrimas de solidão.
Numa dança de luz.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

We always have...

Pode faltar tudo, pode falar-me o chão debaixo dos pés e as asas de recurso não funcionarem.
Posso até aterrar a meio centimetro da almofada. E a alma ficar esmagada pela força dos impactos.
Posso olhar à minha volta e faltarem os de sempre... e os ocasionais.
Mas... We always will have... Paris.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Não escrever

Uma pluma que desliza... empurrada na brisa de fim de tarde.
Uma pequeníssima núvem de pó que se levanta tímida.
O riso de três crianças (três, nem mais, nem menos) que se ouve bem perto... intercortado pelas distâncias.
O eterno casal de namorados que troca carícias envergonhadas no mítico banco de jardim... para depois se levantar e distribuir pedacinhos de pão pelos patos.
E o sol que teima em não estar presente... por birra.
É ponto assente, irrefutável... eu não sei escrever, a não ser um não escrever.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Escrever

Escrevo e reescrevo-me.
Reencontro-me... em  mim, contigo, em nós... com eles.
Procuro e procuro-me no fio de cada cabelo meu, em cada gota de suor.... que as lutas são-me eternas.
... sangrentas... entre poeiras e lamas... entre dores, lágrimas e sorrisos. Abraços.
E chego rasgada a casa... sempre.
Respiro e respiro-me. Respiro-nos e sinto-nos.
Reconstruo e reconstruo-me!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Estamos lá. Fomos andando. Percorrendo caminhos. Simplesmente caminhos.
Parte já está. Parte está por percorrer. E sabe bem.
Junta-se passado e presente com os sonhos e o que será o futuro.
Tudo junto, embrulhado em nós. Adoçado por nós.
E tudo é muito mais simples.
E tudo é muito mais genuíno.
Tudo é muito mais o nós.
E entranhamos tudo... mesmo o que estranhamos.
Estamos aqui.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pé ante pé

Foste chegando... pé ante pé... sem fazeres mais barulho que o extritamente necessário.
E ficaste.
De repente já cá estavas, por inteiro.
Um imenso baruho levantou-se dentro de mim e foi saindo... póro por póro... até me envolver, até me aconchegar.
Um dia... depois outro... e mais outro.
Sempre de mão dada.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Coração

Abre-me o peito e tira lá de dentro uma massa vermelha escura, semi-arredondada que ainda pulsa... Sim, isso. O coração.
Vá, volta a fechar.
O que fazes com o que tens na mão? Não sei. Guarda bem. Um dia pode voltar a fazer falta. Quem sabe como corre o amanhã.



domingo, 28 de abril de 2013

Maldito

Ahhhhhh maldito cérebro que pensa, que analisa, que torce e retorce a mais doce das realidades.
Maldito sejas que nunca me dás sossego... que me entornas as alegrias e as misturas nas amarguras passadas que teimas em puxar lá do fundo do boião das recordações. Dores empoeiradas a ganharem novas vidas.A espreguiçarem-se cá dentro, a tomarem conta do espaço que segundos antes estava reservado aos bons momentos.
Sim... numa questão de segundos... e tudo muda.
Ahhhhhh maldito cérebro em constante inquietude, num desassossego pleno e constante.
Maldito sejas que não me deixas parar... serenar. Que te unes à tua eterna aliada, a minha alma, para juntos me abanarem em forte violência... e virolência... para juntos me fazerem perder o pé. E eu? Eu, consciente de tudo, consciente de mim e da minha dimensão, a sentir cada músculo do meu corpo, vou. Simplesmente vou.
Juntem-se os dois de uma vez e abandonem-me à minha sorte. Deixem-me entrar numa apatia onde o lugar para o sofrimento seja invisível... e inaudível. Inexistente.
Deixem-me ali, tolhida a um canto. Até que possa renascer-me. Renovar-me...
Ahhhhh maldito cérebro!!!!!!!!

sábado, 27 de abril de 2013

Talvez...

Talvez também eu me vá embora...
Dou-te a mão e parto... sem rumo, à deriva, à procura de uma nova vida?!?!?
Talvez Buenos Aires...
Talvez a imobilidade do peso do mundo agrilhoado aos pés...
Talvez o silêncio de uns olhos cerrados para sempre. Os meus.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Por aí

Vou andar por aí... por aqui... este fim de semana.
Olhos postos em mim.
Lembranças em ti... em nós.
Vou querer dar-te a mão... abraçar-nos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Livros

Quando os livros te marcam o ritmo e te determinam o passo segues sempre maior.
Sigo.
Passo largo... passo apertado. Sigo agarrada a eles.
Cabeça no ar... cabeça nas núvens.
Ideais que se afincam.
Sonhos que esvoaçam... entre livros e pó.
Neles está o meu abrigo, o meu porto seguro... Neles tudo é verdade... tudo acontece.
Neles tudo é maior... eu fico maior.
Com eles...
Livros.


Que amor...

Que amor é este que amua... que cobra... que critica.
Que amor é este que se desilude e me desilude.
Não confundamos o amor com o ser-se dono.
Não confundamos o gostar com o determinar de caminhos.
O amor é livre e libertador.
Não castra. Não exige fidelidade de sonhos e ideais.
O amor voa... e regressa sempre, a cada primavera... a cada amanhecer.
O amor não está ao alcance de todos... não está ao alcance de uma maioria que o banalizou.
O amor vive arrastado na lama de uma palavra esvaziada de sentido e com sentimentos trocados.
O amor já não é o que era.
O amor nunca foi o que é.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Gosto de ti II

Gosto de ter o vento  bater-me na cara num dia de sol de inverno.
Gosto de passear de mão dada... contigo.
E ouvir os risos dos miúdos.
Gosto de praia quando o calor ainda não chegou.
Gosto de ler... ler... ler... e voltar a ler.
E desenhar rabiscos em cadernos soltos.
Gosto de berber um bom vinho enquanto petisco e te olho de frente, nos olhos.
E estico a mão só para sentir o teu toque.
Gosto de me esticar enroscada em ti.
Gosto de fazer planos ao teu lado e acreditar que vão acontecer porque nós vamos fazer acontecer.
E rir muito e muito alto.
Gosto de nos sentir!!!
Gosto ti!!!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Gosto de ti

Solto a mão... uma lágrima corre-me por dentro do corpo e inunda-me o ser.
A primeira de muitas outras que estarão para vir e que numa avalanche desmedida transbordarão pelos meus olhos.
E assim construo mais um pouco desde edifíco que terá de ser à prova de sismos, enxurradas, cataclismo, incêndios. Contruimos... Criamos... Inventamos... Rimos e choramos. Juntos.
E como depois da chuva os dias amanhecem em arco-íris plenos... eu amanheço num sorriso.
Volto a entrelaçar os dedos de almas que já não sabem separar-se.
Gosto de ti. Pouco não. Muito.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Carta Final

Pensava que desde que nasci tinhamos um entendimento único.
Foste anos a fio o meu porto seguro, o meu ídolo, aquele que estaria lá sempre para mim.
A certa altura substituí o ídolo da infância por uma admiração profunda. Que teimo em manter.
Mas custa-me caro. Aceito, mas não sem dor, que tentaste e tentas permanecer o único.
Que não me aceitas como sou... mas como pensas que poderia ser. Que não compreendes a minha felicidades... mas somente a que achavas que eu devia ter.
Paciência. Já não estou aí há muito tempo.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Frágil ciência

Chego-me a ti, encosto-me e ficamos assim... horas infindas.
Baixo algumas baias de segurança e sinto um muro ou outro a pedir-me para ruir.
Vou resistindo. O que posso... enquanto posso. O que não quero.
E devagar vou acreditando. Essa ciência frágil que esqueci durante anos no canto de uma gaveta empoeirada.
Até quando... até quando quisermos.
E o sempre ganha novo alento e volta a respirar.
Até quando... até sempre.

sábado, 30 de março de 2013

Arrastar

Arrastas-te nesta vida agarrado a um passado que não tiveste.
A uma infância de dor.
Agarras-te a falsos conceitos e recrias ao minuto os teus próprios preconceitos.
E assim vais vivendo.
Soberbamente... dono da razão.
Uma triste razão de quem foi deixando a vida passar.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Mãos

Dou-te as minhas mãos, entrego-tas... sem medo, sem pudores.
Na esperança de um nada, que se vai revelando um tudo.
Sabendo de antemão que um dia, sem pré-aviso, partiremos em direções opostas.
Sem mágoas e com uma mão cheia de recordações e a outra repleta de carinhos.
Sem sabermos como... talvez vivamos para sempre no sorriso um do outro.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Palavras

Quero entregar-me às palavras e perder-me nelas durante a minha eternidade finita.
Desejo brincar com as palavras e jogar-lhes com os sentidos.
E pegar nelas... e embrenhá-las em mim. Formar um único ser... construído, constituído, sustentado pelas palavras.
Palavras que serão amantes, amigas, confidentes, pai e mãe, filhas queridas.
Palavras que desenharei no ar de um mundo muito meu.
As palavras serão o meu manto, que me embrulhará em dias de gelo...o meu único legado a quem amo.
E no dia em que as palavras adormecerem ao meu lado... nesse dia morro feliz.
Levo comigo as palavras que deixo.

terça-feira, 12 de março de 2013

O amor hesita


“VAI. Se der medo, vai com medo mesmo”. A frase gritou-lhe de uma parede qualquer, de uma
rua qualquer, de uma cidade qualquer, deste mundo.

Olha para o telemóvel… mais um vez. Já perdeu a conta às vezes que o tirou do bolso das
calças e se sentiu tentado a ligar. Hesita… tanto.

Minutos de angústia. Medo de seguir em frente, medo de arriscar. Um medo que lhe tolhe a
capacidade de decidir, que o inunda de receios, anseios e medos, que crescem e o abocanham.

É feliz? Não. Sente que não. Tenta trautear umas cantigas e ensaia uns números de
ilusionismo. Mas a desesperança tomou-lhe conta da vida.

Volta a pegar no telefone. Rabisca uma mensagem que morre ali mesmo, entre um ai e um
suspiro, entre um minuto e outro.

Sensação de desperdício que se descontrola. Um amor trancado em si… que hesita.

Carta


Lisboa, 11 de março de 2013

Minha querida e, sem dúvida, melhor amiga,

Tenho saudades tuas. Digo-te isto assim… sem medos, sem pudores, sem reservas.

Desapareceste há já alguns anos, que são para mim longos demais. Sinto a tua falta, da
tua gargalhada solta, dos teus pés no chão… do teu colo.

Onde tens tu estado quando mais precisei? Tu que tens estado sempre para todos… não
tens o direito de desaparecer assim de mim.

Fazes-me falta… com a tua capacidade de acreditar sempre, em todas as circunsâncias,
com a tua força interior que transborda e se espalha como se tudo fosse uma festa. Tu,
que transportas em ti a ingenuidade de quem quer mudar o mundo, e acredita que o
pode fazer.

Preciso de ti mais tempo ao meu lado, em mim. Somos dois lados da mesma moeda (eu
sei, parece banal, uma frase batida e ôca. mas eu sinto-nos assim). Preciso de ti alegre,
com a vida que sempre transportas.

Preciso de ti!!!

Um enorme beijo cheio de esperança…
…de mim…
… para mim.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Esperanças

Um dia tudo muda.
A brisa deixa de correr, as aves silenciam-se, os arbustos ficam imóveis... e tudo muda.
Talvez o sol volte a brilhar. Talvez arranje forças para afastar as nuvens.
Pé ante pé uma pequníssima flor desperta... empurrado torrões de areia pesados.
Ao longe, um riacho volta a salpicar a terra seca em volta.
E todo este brilho ganha um nome... esperança!!!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sair

Puseste-me o braço por cima dos ombros...
e eu fiquei ali... suspensa.
Desejei que o tempo parasse.
Desejei sermos um... e estivemos tão perto.
Nem nós o soubemos bem.
Nem nós soubemos o quanto...
Ali, naquele abraço... naquele beijo impar.
Voei, durante dias...com o tem braço a apertar-me pela cintura.
Um dia saíste de mim...
Até quando... provavelmente, até sempre.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Chuva

Lá fora a chuva começou miudinha pela manhã.
E persistente, foi engrossando as lágrimas.
Cá dentro já chove também.
Há semanas que chove sem parar.
Suspiro e respiro.
Espero que passe... e que lave, renove...
E quando parar... talvez a vida recomece.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Almofadas

Atiro-me para cima da cama...
onde ainda está o teu cheiro.
E enterro a cabeça na almofada,
tentando em vão adormecer.
Ordeno ao meu cérebro que se desligue,
ultrapassando a barreira da consciência e o limite do ser.
Olhar vazio posto no nada,
num anestesiamento que me convém...
num mutismo a que me agarro.
Permaneço... assim.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Levantar

Levantei-me a custo.
Corpo entorpecido... dorido.
Dei os primeiros passos na direção de um vazio que sempre me acompanha.
Fiel... a mim mesma.
Um cansaço triste que me quebra as pálpebras.
As mãos em abandono, caidas ao correr do corpo.
Sigo. Dormente. Anestesiada.
Tento não sentir.
Luto... de luto.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Palavras

As últimas palavras. Serão estas?
Perdi.
Deponho as armas a teus pés.
E entre soluços contidos... parto.
Um regresso a mim.
Um sair de ti.
Um nós sonhado...
...que se ficou por um desejo ardente e inacabado.
Cabeça erguida num orgulho de batalha injusta.
Limpo o sangue que escorre pela minha cara.
Arranco a terra barrenta que se agarrou à minha pele.
Tento lembrar-me como se respira e tirar o teu cheiro que me envolve.
Gotas de ouro que se cravaram na minha alma.
E um minuto de cada vez vou lembrando as palavras ditas...
...que achei serem tão sinceras...
Quis acreditar...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Remar

Demoro-me em ti. Tanto tempo. Todo o tempo que posso.
Perco-me em memórias curtas.
E a tua ausência marca-me o corpo e a alma. A tua indiferença doi-me muito.
Vai-me rasgando por dentro, reabrindo feridas antigas.
E no tempo saberei  que novas feridas se abrirão.
O peito aperta-se-me e o ar passa com dificuldade.
Busco por sinais que se esbatem a cada segundo.
Tento continuar, não desistir. Tento acreditar.
Começo a ficar tolhida por um cansaço tão meu conhecido.
O cansaço de quem rema sempre sozinha.
Solidão.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Guerras

Porque tem de ser tudo tão difícil... tão doloroso?
Porque há de vir tudo carregado com uma dose de sofrimento?
Estou cansada de guerras de onde saio esfarrapada e com a alma esventrada.
Mesmo que vitoriosa, a dor vem sempre agarrada à minha pele, como se de mim fizesse parte.
A dor... uma segunda camada de mim mesma que teima em não me largar.
Olhos a cada dia mais baços pela tristeza do que me rodeia e de que me rodeio.
Os meus olhos interiores que veem cada vez mais fundo e mais longe. E carregam as dores das existências.
Finjo institivamente uma alegria que há muito não existe... procura-a indefinidamente... e um estar viva que cada vez mais se aproxima da morte.
Um esvaimento lento e prolongado, que me persegue de forma perguiçosa mas tenaz.
Um dia ficará somente um rasto de poeira...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Qual é o seu maior medo?

Revolve-se e revolta-se na cama. O suor tomou conta dos cabelos curtos e encaracolados.
Tom aloirado na pele morena. E começa a ensopar a almofada branca e a molhar a gola do
pijama onde alguns astronautas pairam num fundo verde.

Um carro desgovernado, numa rua a preto e branco, de uma cidade a preto e branco, sai desgovernado de uma das curvas da vida. De repente estou deitado no chão. Muita gente à volta e um fio de sangue vivo, muito vivo, escorregue-me pela boca. Sons ao longe, que se afastam cada vez mais e o branco desaparece deixando só o preto.

Lençóis e mantas estão já enrodilhados ao fundo da cama, sem tocar o chão. E o desassossego
continua a acompanhar-lhe o sono. Eterniza-se ali por minutos que se trocam nas horas e se
pedem entre os segundos.

Tanta luz e uma aflição imensa. Horas depois uma cadeira de rodas a colar-se-me ao corpo. A enredar-se-me nas pernas, sobe-me pela anca e tolhe-me os movimentos do tronco e dos braços. Sobra-me uma cabeça pensante e lúcida, que gira de forma estonteante. E o homem aranha que não chega.

Senta-se na cama, olhos fechados. Solta um grito rouco. Enrodilha-se em si próprio. E ali fica,
imóvel. Um bocado de ser que quer voltar ao quente e húmido do ventre da mãe.

Estou preso por lianas muito finas, que se transformam em novelos de lã de cores garridas… começam a apertar. Não tenho ar. E ao fundo o meu pequeno amor olha-me com indiferença. Estou no pátio da escola. E ela senta-se à minha frente de pernas cruzada, com o nariz pequenino encostado ao meu. Olhar frio, desprovido de mim…

Faço-lhe uma festa na cabeça. Volto a aconchegar-lhe as roupas. Beijo-lhe os cabelos. Ele
aninha-se e sossega, por fim.

Caminhar

Caminho aqui... mesmo aqui. Ao teu lado.
Qualquer coisa estica a mão e agarra a minha. Sente-a.
Podes apertá-la com força... quando quiseres, quando precisares.
Ou só porque sim. Ou trazê-la junto a ti.
Basta estarmos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Fugir

Foge para mim... e não voltes a olhar para trás.
Não te prendas em dores que te precipitam para o nada. E te rasgam por dentro.
Guarda a arca das boas recordações e segue em frente.
Traz-te somente a ti... e aos teus.
Toma... a minha mão. É nossa.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

“A pior coisa na vida é...”


Enrodilhada numa teia de mentiras e desonestidades caminha de cabeça
baixa, amor próprio ferido de morte, olhos no chão, com lágrimas a quererem
irromper a qualquer momento e que trava à força, dor no peito.

Está perdida… no mundo, na cidade, na vida. Pior, perdeu-se há muito dela e
dentro dela.

Quer fazer algo, mudar o seu rumo, escrever de outra forma o seu destino.
Quer escolher outros tons para si e para a sua vida. Tons mais claros, mais
abertos, mais límpidos. Tons que a mostrem a ela e não ao monstro em que se
tem vindo a tornar.

Mas não sabe como, não sabe por onde começar. Sente-se aprisionada num
mundo negro e de dor que ela própria criou. Ela é a única responsável e sabe
disso… e vive isso todos os dias.

Volta a casa na esperança, que nunca morre, de encontrar ali a ponta por onde
vai pegar, o brilho e o viço dos quais se perdeu com o avançar da idade.

Enrodilha o seu corpo num canto onde fica horas…Pela sua cabeça, que nada
do que foi obrigada a fazer lhe perdoa, voam, numa sucessão estonteante,
todos os momentos dos seus últimos anos. Um espelho da mentira em que se
tornou… por fim adormece.

Sentir

Durante dias senti-te...colado em mim.
A lembrança das tuas mãos no meu corpo faziam-me estremecer assustada.
A tua voz tão perto arrepiava-me.
Durante dias guardei estas memórias em forma de sensações.
De propósito agarrei-as as mim.
E com o passar dos dias os teus contornos foram-se esbatendo.
Aí...desejei novas memórias... novas sensações... toques renovados.
Em vão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Debaixo de água

Tapo o nariz. Fecho os olhos. E deixo-me descer lentamente até ficar completamente debaixo de água, onde os pensamentos correm bem mais depressa... onde tudo é simples.
Sento-me. Finjo que faço uma birra, mas estou só triste. E ninguém vê. Ninguém.
Fico ali sentada...imóvel. Até sentir que faço parte. Até ao dia em que a dor for suportável.

Emoções

Uma catadupa de emoções sobem por mim acima.
Chegam-me à garganta e aos olhos em forma de soluço convulso... que não deixo sair.
Não posso.
Um turbilhão de palavras rodopia-me... entre a cabeça e o coração. Maldito cérebro pensante... Maldito coração que me consome. Reprimo os dedos que anseiam por uma resposta a tudo. Mas que resposta?
Quero livrar-me dos dois...  cabeça e cérebro... e cair numa apatia serena, que me carregue até chegar o tal dia. O dia em que tudo passa. O dia em que todas as dores se esbatem. E sei, sempre soube, que esse dia não é lá muito à frente.E por isso corro, caminho, tropeço... limpo uns arranhões e outros deixo sangrar, até ficar só a cicatriz.
Refugiu-me dentro dos livros, escondo-me e encontro-me neles.Pairo junto das crianças que me abraçam sem medos e sem incertezas no seu amor e no meu amor..
E tento aceitar... aceitar-me... tranquilizar-me deste desassego de existência, tumultuada no seu todo.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

“A melhor coisa na vida é...”


Perguntaste-me pela manhã, bem cedo: “Qual é a melhor coisa da vida?”.

E eu não soube responder como tu querias… logo… naquele instante.

Desapareci de mim e de nós uns 3 dias. Ou terão sido uns 3 anos? Não sei. Nada mais teve a mesma importância. Mas essa simples pergunta acompanhou-me em todas as viagens que fiz. Sabia-a guardada naquele bolso pequeno, da mala pequena que tu me ofereceste quando nos conhecemos melhor… e eu nunca mais larguei.

Ainda guardei a esperança que se perdesse por entre a confusão da mala, ou caísse sem eu dar por nada. Mas não.

Até que um dia me sentei, sem saber bem onde estava, e percebi, finalmente, onde estava a resposta.

Corri para os teus braços. Galguei os lances da escada do prédio velho onde moramos, tropecei e feri um joelho e as palmas da mão. Entrei de rompante e ali estavas tu… onde sempre tinhas estado e eu já não via.

“A melhor coisa da vida… é a vida!!!”.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Homem Inteligente


Sou doente pelo homem inteligente, fanática, viciada… Procuro quase em desespero o homem inteligente. Sei  viver sem ele, mas não se quero viver sem o homem inteligente. O homem inteligente é uma raridade fabricada no Olimpo, uma pedra preciosa que não está ao alcance do entendimento da maioria.

O homem inteligente ama como o fogo de quem não sabe se o amanhã acontece. E beija com a calma de quem promete que tudo pode ser eterno. O homem inteligente acolhe nos seus braços e protege, sem apertar. O homem inteligente sabe ao cheiro morno da manhã.

O homem inteligente sabe o que é ser belo, sabe como ser belo e sabe como prender na renda de uma conversa e de uma mão que se toca ao de leve. De um olhar mais profundo. De um sorriso que se mantem mesmo ao canto da boca.

O homem inteligente faz as pernas tremer e desconcerta só porque sim… para depois aninhar e concertar. Na ilusão da segurança onde as mãos passeiam no reconhecer de novos trilhos desde sempre conhecidos.

O homem inteligente envolve numa perfeição desconcertante. Porque é ele… talhado entre os deuses.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Respirar

Custa-me a respirar.
Hoje em especial? Não.
Tantos dias assim, em que o ar passa a custo para entrar no meu peito de forma timida.
Lágrimas mesmo à beira dos olhos, numa resistência imensa.
Um aperto no peito que vem desde sempre.
Um sitio onde os tempos idos se tornam presentes... e eu sei que futuros.
Que desassossego é a vida.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Saudades

Saudades...
... do que não tenho.
... do que não vivi.
... do que não senti e não cheirei.
... dos sonhos que me invadem as madrugadas e me fazem sorrir enquanto durmo.

Saudades...
... do toque das tuas mãos.
... do teu sorriso sereno.
... de ti.
... do sonho de um nós.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dizem...

Dizem-me apaixonada!!!
Talvez.
Pequenas paixões inconsequentes que voam em liberdade... em busca do seu próprio caminho, até desaparecerem mais à frente.
Tão perto. Tão pouco.Tão curtas.
Ahhhhhh!!!!!!!! Dizem-me apaixonada!!!
E sabem lá o que é uma verdadeira paixão.
Daquelas que nos consome as carnes e nos leva aos limites... da alegria... e do desespero.
Pelas quais nos viramos do avesso, nos violentamos... em nome da paixão que confudimos com amor.
Daquelas que nos moiem e remoiem, que nos fazem sangrar... sempre a sorrir.
Coração a galope, a querer sair do peito em busca de tudo... do todo.
Dizem-me apaixonada????
Não

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Vazio

Olho-te nos olhos que imagino e choro.
Não pelo que tivemos, mas pelo que prometíamos ter.
Pensámos em arriscar... viver intensamente a imensidão de uma vida pela frente.
E no final ficou um vazio.
O vazio do prometido entre sorrisos e meias palavras.
O vazio da esperança trocada que morreu cedo, afogada em medos.
Ficou simplesmente um vazio.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Onde?

"Onde termina o arco íris:
na tua alma ou no horizonte?", Pablo Neruda


Onde termina esta inquietação que toma conta de mim e se funde em mim?
Que caminho é este que sigo aos ziguezagues? Onde vou eu parar? Quando?
Sabia-me bem um certo sossego de mim. Mas quando ele vem logo o tomo por enfadonho e volto à turbulência constante.
Que fogo é este que se embrulha em tempestada e me arrasta numa luta esgotante? Me desassossega o corpo e alma? É este o meu brilho? Ou é isto que o esgota?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Namorar é preciso: Amor


 
O amor não se canta em 3 cantigas, não se recita num só verso, nem se entrega dentro de uma caixa de enorme laço e papel brilhante.

Um amor… o grande amor… tem receita. Que cada um acondimenta à sua maneira. São anos de partilhas, muitos risos e sorrisos, e o dobro de sangue e lágrimas.

O amor navega em águas calmas e límpidas. É feito de confiança e de confidências. De pequenos arrufos que acabam rápido, num abraço quente, num dia de chuva.

O amor é um bandido, que sem darmos por isso nos leva o coração para o entregar nas mãos de quem saiba cuidar dele. É um sopro suave que nos suspende no ar durante séculos e nos faz sorrir por tudo e por nada.

Este amor é a nossa casa, com um jardim maravilhoso. É como se viajássemos, sem intempéries de maior, no tapete mágico do Aladino. E a lâmpada estivesse sempre ao nosso alcance.

Nesse amor me enrosquei durante anos. Nele vivi. Fui feliz.

E no fim… No fim todos sonhamos com um grande amor.

 

 

 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Namorar é preciso: Paixão


Vagueei sem pressas naquela  passeio de pedras arredondadas e com desenhos… verdadeiros labirintos de basalto branco e negro… naquela cidade que percorri vezes sem conta de mão dada contigo, abraçados, a rir alto. A rir muito. Livres até de nós próprios. Tive Lisboa aos meus pés, por milhões de anos, por escaços segundos.

Sentei-me no chão, encostada a um muro… onde trocámos os primeiros toques. Pela cara escorrem longas lágrimas secas. E fechei os olhos, a tentar agarra a mim o que um dia chegou ao fim. Ali, aprisionada num passado de paixão e dor, vivido ao minuto, com a intensidade da verdadeira paixão.

Mas tudo acabou levado por uma brisa leve que de um dia o outro, sem sabermos como, sem darmos conta,  se transformou em vento forte, tempestuoso. Mergulhados num ciúme louco, doentio, desrespeitante de nós. E o nós que cantávamos nos sete cantos deste mundo redondo, que dávamos ao desbarato, foi-se sumindo, mirrando… fugindo pelo meio dos nossos dedos e desfazendo-se  em tristeza.

 Agonizando em mim perdi-me de nós. Percebi mais tarde que para sempre.

Ahhhhhhhhh! Mas ninguém nos tira as cumplicidades cruzadas. Cumplicidade de um sorriso, um olhar, uma mão a estreitar-me a cintura. Cumplicidades na escrita, nos poemas, nas canções. Cumplicidades nos desejos mais pequeninos e nos sonhos maiores.

Que bom foi namorar assim. Sem medos, sem culpas, com a vida pela frente. Um dia atrás do outro… paixão da minha vida, que guardarei para sempre.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Querido Diário


Mais um dia daqueles digno de filme de humor… negro. OU de terror, nem seibem. Não houve nada que não me acontecesse. E tu sabes como sou, por norma, uma pessoa ao estilo “alto astral”. Mas uma tarde inteirinha na segurança social à espera de vez esfrangalha o sistema nervoso do ser mais zen.

Durante aquelas intermináveis horas senti cada segundo que passou, com os sons e odores que volatilizavam por ali. Fragmentos de conversas invariavelmente tristes. Cheiro a cansaço de exército que depôs as armas (e de alguma transpiração e falta de banho também).

Fiquei a saber que os dois filhos da senhora gorda que se sentou ao meu lado com a amiga deram o salto para o estrangeiro e como ela sente a falta dos netos. Assisti a uma pequena conferência dedicado ao tema “alimentação saudável e ginásio” e outra sobre “como sustentar uma família quando estão os dois desempregados e os 4 filhos continuam a comer, a vestir e a ir à escola”.

Aprendi muito sobre as novas oportunidades no mundo do faça vocês mesmo. Aí acho que dormitei um pouco. Sempre ajudou a passar uns 20 minutinhos.

Pelo meio duas cenas de gritaria, entre a ofensa à mãe dos senhores do governo e o choro de desespero por não se saber o dia de amanhã.

Pois é, querido diário. Ninguém pode ficar indiferente a uma tarde naquele espaço mofado e bolorento, tomado de assalto por uma tropa de infelizes.

Mas, finalmente casa. Ansiava pelo banho quente (que ainda me posso dar ao luxo de tomar). Por esses minutos tentaria esquecer todas aquelas dores que se me entranharam no corpo e na alma.

Mas… espanto dos espanto. Primeiros sinais da catástrofe – a casa tinha outro cheiro, o cheiro da minha mãe, e uns passos à frente, na mesa de entrada, um bilhetinho dela. Estremeci: “passei por cá hoje filha!!! Estavas mesmo a precisar. Um beijo grande, Mãe”. Entrei bem devagar na sala onde tenho a minha, muito minha, mesa de trabalho. Em passo lento tentei reter o momento e conter a irritação que me começava a invadir. Um nó na garganta, bem pequenino, que se agiganta… e vejo aquilo que já sabia: a minha secretária estava irremediavelmente arrumada.

E agora? Entre a irritação e o pânico começo à procura dos meus papeis. Aqueles que conhecia de cor a posição no meio da sua desarrumação sempre muito organizada.

Sentei-me para deixar que o ar entrasse e me acalmasse com os cotovelos poisados na secretária, as mãos entre a cabeça e os olhos fechados. Aquela arrumação iria obrigar-me a horas infindas para descobrir as minhas coisas e as voltar a pôr nos seus lugares por direito.

De repente levanto os olhos e fecho-te a ti, meu querido Diário, mesmo no topo de um montinho de papéis, em destaque, parecias ter um brilho tão diferente, que nem sabia como explicar. E aí percebi. Tu viste tudo!!!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Saída


Enrosquei-me em mim mesma. Deitada no chão de madeira gelado, com a alma em pequenos pedacinhos de vidro que me iam rasgando por dentro. Parecia não haver saída. Durante aqueles menos de dois anos, que pareceram a minha vida inteira, traí.
Ahhhhhh!!! A tão famosa traição escrita a sangue nos livros e cantada nos versos dos trovadores dos tempos. A traição que causou mortes e desatinos das maiores das heroínas. A traição… esse veneno que mata lentamente… que corrói tudo… que aniquila por onde passa… que faz o sol murchar e nos tira o brilho.
Tinha de morrer e nascer de novo se queria continuar. Tirar aqueles estilhaços que se estavam a cravar na minha carne. Um por um. E deixar sangrar.
Aquele espelho enorme há minha frente que me aumentava… que me mostrava aos mais ínfimos pormenores a dimensão da minha deformação… agigantada pela dor da traição.
Tentei enroscar-me ainda mais sobre mim mesma. Até ficar irreconhecível. Impossível. Eu já não me reconhecia há tanto tempo. Foram perto de dois anos. Meses a fio. Semanas infinitas. Horas incontáveis. Segundos. Tantos segundos desperdiçados fora de mim.
E onde estava eu por esses tempos? Agora… ali… naquele chão gelado de finais de primavera… tudo o que ficara para trás era um emaranhado de dor onde me perdi por opção. Onde é que eu me larguei dois anos antes?!?!
Ali permaneci. Paralisada. Com centenas de lágrimas secas a inundarem-me a cara num rasto de dor. Essa ficará cravada em mim para sempre. “Tirem-me esse espelho da frente!!!!!!!!!”, gritei em silêncio. “Tirem-me a mim da frente…”, murmurei com as forças perdidas. Fiquei.
Até que um dia, anos depois, ou horas não sei bem, me levantei… corpo dorido… cambaleante… alma ainda em pedaços. Uma determinação até aí em mim e por mim desconhecida. O medo de me enfrentar estava a enfraquecer aos poucos. Diluía-se na memória do que foi bom. Do que fui eu. E pedi desculpa. Pedi-me desculpa por um dia ter ousado não ser eu.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Últimos segundos

O último segundo do ano marca na realidade um começo... feito de cabeça limpa e olhos a brilhar... feito com a vontade férrea de, finalmente, seguir em frente e a sorrir.
10...9...8...7...6...5...4...3...2...1... e pelo ar voam papelinhos coloridos que nos inundam a alma com um arco-iris gigante.
Trocam-se abraços, beijos mil, desejos e sonhos... trocam-se cheiros e sorrisos, galanteios e pequenos toques...suaves.