quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Empurrões

Mais um empurrão, tropeço, vou com o joelho esquerdo ao chão e sangro. Mas levanto-me e respondo. Os olhos brilham. Sim, são lágrimas. Admito.
Respondo bem alto, grito a minha justiça... com uma voz pausada... grave... serena.
E no final... No final o Mundo continua a girar sem sair da sua trajectória... como se nada fosse.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

...

Chove lá fora. Mas uma promessa de sol espreita a um canto do Mundo.
O chão reflecte um falso brilho e as folhas acabadas de cair da árvore ainda sorriam à luz.
Nós continuamos o nosso caminho... repetido... diário.
Uma formiga atravessa-se à frente dos nosso pés a grande velocidade.
Travamos a marcha para não a pisar... voltamos a travar a marcha para respirar fundo os cheiros de mais um dia.


Texto escrito para o desafio sobre o Cheiro da Chuva, da Fábrica das Letras

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Estamos

Estamos mais velhos... mudados pelo correr da vida.
Trocamos sorrisos, que ainda sinto cúmplices ao fim de todos estes anos. Ou terão voltado a ser? Ou será uma ilusão?
Precisámos de uma pausa. Fizémos uma pausa.
Mas as dúvidas rodam sobre o que queremos... sobre o que quero.
Apetece-me meter a cabeça debaixo dos lençois e esperar. Mas, esperar o quê?
Por ti? Que passe?
Teremos sempre um nós bem vivos. E disso não podemos escapar... e eu não quero.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Hoje

Hoje... há 10 anos... tudo mudou.
Um sorriso entrou em mim... permanece.
Um sorriso além de todas as dores e todas as mágoas.
Um colo para dar... partilhar.
Hoje... há 10 anos... a minha vida (re)começou.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mudem...

Mudem... lutem... arregacem as mangas.
Dêem murros nas paredes e gritem em voz bem alta... arrombem portas.
Ponham a vida a arder, do avesso.
Façamos uma revolução... a sério.
Deixemos só de dizer e passemos a agir.
Não dá mais... o povo é sereno... mas tem limites.
Saibamos construir um Mundo melhor para nós.
Deixemos um Mundo melhor aos novos filhos... e filhos melhores ao nosso Mundo.
Deixemo-nos de hipocrisias fúteis.
Não nos deixemos ficar.

domingo, 17 de outubro de 2010

Mudar

Mudar, sempre a mudar... sempre em mudança.
Um dia estou cá... no outro não.
Um dia tenho a pele morena do sol... no outro dia branca, branca... e mantenho.
Uma certeza? Para nós não mudo mais... Por nós não mudo mais...e estarei cá sempre.
Se ainda (nos) quiseres.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os cheiros do cheiro da chuva

É uma chuvinha delicada que se adensa com o passar das horas, mas sem perder por um segundo que seja a sua delicadeza.
Molha-me a ponta dos sapatos... vai-os ensopando até chegar aos ossos dos meus pés.
E sabe bem... sabe tão bem.
Faz-me sentir viva... disperta.
Inspiro bem fundo e tento absorver os cheiros desta chuva.
Castanhas assadas... terra molhada... relva fresca...
Volto a inpirar, mais fundo ainda.
Um perfume que passa ao meu lado... um tubo de escape de uma mota que acelera...
E a chuva que não pára, não abranda. Já prometeu que vai cair durante mais algumas horas. E vai cumprir.
Uma mão de criança cheia de gomas... um café quente... duas torradas com muita manteiga (... os meios ficam para o fim!)
E no final do dia é a todos estes cheiros... e a tantos outros... que cheira o cheiro da chuva.

Texto Escrito para a FÁBRICA DAS LETRAS (Desafio Outubro - "O Cheiro da Chuva")

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Chovia muito...

Chovia muitoooooo... imenso.
Uma rosa no parabrisas do carro... vermelha... despedaçada... anónima.
Uma carta de amor... A primeira de sempre... A última para sempre.
E o cheiro da chuva confunde-se nos dias mais longos e nos amores mais amores. Troca-me as voltas, bem à última da hora. Faz-me sentir perdida no meio de uma imensidão de cheiros.
E no final... afinal, a que cheira a chuva?


Texto Escrito para a FÁBRICA DAS LETRAS (Desafio Outubro - "O Cheiro da Chuva")

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

...

A desilusão é um pequeno espinho que se crava entre a alma e o coração.
A infecção alastra... e aí começa a doer... muito... muito.
Arranca-se o espinho... o corpo contorce-se... purga o veneno e a infecção... a dor fica por mais tempo... muito. A cicatriz ficará para sempre... ali colada entre o coração e alma.