segunda-feira, 30 de março de 2009

Prosas

Uma folha em branco... um caderno liso...
Uma alma cheia... um coração em revolução... uma cabeça em turbilhão... contantes.
Porque queremos ser verdes quando nascemos amarelos?
Desrespeitos mil.
Atropelos.
Rasgões.
E um fim que tráz princípios... recomeços.... por fim.
Circulos... em circulo... e aos circulos.
Acabaram com o espaço para quadrados... triangulos... rectângulos.... no tempo.
Estás dentro?
E aguentas? Aguentas estar dentro? Aguentas-te a estar fora?
Palavras ditas de forma ilegível empurram-nos... para fins e recomeços.
Palavras lidas de forma inaudível arrastam-nos... para recomeços e fins.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Viver depois das seis

E o que acontece sempre depois das seis? Depende, depende tanto...
Corre, corre... grita... esbraceja... vira aqui, sobe ali... entra e sai... sai e entra... corre, corre...
Nããããoooooooo!!!!!! Recuso-me. Recusem-se.
Reaprendamos a escrever e escrevamos um Manifesto.
Reaprendamos as causas e lutemos pelo Manifesto.
Aprendamos a descer a avenida e a cruzar os jardins.
Aprendamos a saber dar a mão e a ver além.
Basta alguma sabedoria e alguns sorrisos.
Basta não tentarmos endireitar curvas que nasceram para não ser direitas.
Basta respirar... respeitar... viver!!!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Jogos

E de repente tudo à minha frente foi mudando de cor e ficando pouco nítido. Sento-me no chão com a cabeça entre as mãos... ao longe o bater da bola no campo de basket em alcatrão... e mais longe ainda um amontoado de vozes em calções e t-shirt, que se afastam cada vez mais e se tornam pouco nítidas.
Queria não estar ali...
Queria não sentir a cabeça oca...
Queria não ver o mundo através de um filtro de cores falsas...
Queria não ter o Mundo, aquele Mundo em especial, de olhos postos em mim... a salivar enquanto esperam que dê um último suspiro. Para depois simplemente esquecerem mais uma existência.
Queria não ver os olhos de sangue e decepção quando consigo soltar uma lágrima... como uma lágrima de libertação pode ser um punhal!!!
Sinto os passos do afastamento... lá bem longe ainda.
E fica quem fica...
E tudo não passa de um grande jogo!!!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Pesos (e halteres)

Um peso abate-se sobre mim. Aiiii... é enorme, pesado.
Olho em volta, tento espreitar por entre as nuvens... mas a chuva turva-me os olhos, cega-me durante uma vida.
Quero achar que é mais uma vez o peso do Mundo... mas esse paira ao meu lado, num abraço quente e lento de fúria alegre.
Vou arrastando os pés por entre o lamaçal que se juntou à minha volta... e a lama teima em subir e já me cobre os joelhos... que não dobram... que não vergam.... e o peso aumenta... e o Mundo sorri ao meu lado... irónico!
Tiro a lama à pásada com as mãos enegrecidas pela caminhada.
Ela volta a tentar submergir-me e eu volto a tirar tudo. E é assim, e sempre foi assim, e será sempre assim.
O peso aumenta a cada migalha de segundo. Mas eu já não o sinto. Carrego-o numa abraço dado pelos sorrisos dos que me estão cravados.
E caibo... à minha maneira... do meu modo... mas finalmente caibo, e mantendo os joelhos direitos.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Agitações

Braços agitados... agitam-se... a chamar a atenção.
Como a alma, sempre em agitação... sempre com nódoas negras que por vezes sangram desmedidamente, num sinal de vida... ou num grito de alerta.
E corre-se numa corrida contra o tempo, mas a favor do tempo... até ao ponto de paragem.
Onde a alma serena até à etapa seguinte... em forma de pedra... em forma de erva... em forma de água que corre... contra o tempo... a favor do tempo... até ao ponto de paragem.
Para voltar a agitar-se, sempre desmedidamente.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Sorrisos

Que sorriso é esse?
Gosto de te ver sorrir... mesmo quando é um sorriso triste.
Gosto que me sorrias quando menos espero e quando estou à epera.
Gosto desse teu sorriso sereno... mesmo quando a angústia salta pelo canto dos lábios e os teus olhos se enchem de lágrimas.
Quero abraçar-te sempre nesse sorriso e que me abraces a sorrir.
Porque um sorriso aperta um abraço e estende-o aos seus limites...
... os limites onde o humano se transcende, se entrelaça, se embaraça... num sorriso... com um sorriso...

segunda-feira, 16 de março de 2009

grita

pim... pam... pum... salta à corda, esconde-esconde...
pião a rodar no chão... berlindes a postos... bonecas penteadas... e...
e... e...
mochila às costas... livros na mão... baton a postos...
jeitos e maneira... olhares de lado... e... e... e...
cresce... cresce... cresce...
tens de crescer... rápido, veloz... antes que te pisem, antes que te esmaguem os ossos e a alma.
a Terra do Nunca não existe... não podes voar... não tens para onde fugir...
estas barricado... em ti próprio.
a não ser que...
isso... tu consegues... vá, grita... grita alto... grita com força.
e além das núvens verás que afinal a Terra do Nunca existe... mesmo quando só tu a consegues ver. afinal podes voar...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Curvados

Curvados, com o peso do Mundo e da vida às costas, atravessam estradas, cruzam passeios, galgam degraus de dois em dois (sim, sempre de dois em dois)...
Sempre curvados e de olhar turvo esforçam um sorriso que atribuem ao Sol... dizem que faz milagres. E continuam a caminhar.
Vêm de lugar nenhum e rumam a lugar algum.
Só vêm o chão e os seus próprios pés... conseguem ainda receber alguna aromas, muitos dos quais nem sabem já identificar... acabando por se misturar, perder a forma e a cor, o sentido, a razão...
Nascem curvados, vivem curvados... vergam-se ainda mais, enaquanto se arrastam nas lamas da vida. E morrem... sujos, rotos, baços... e curvados.

Sai

Sai com o sorriso com que não entrou.
Sai com as mãos carregadas, quando as trouxe vazias.
Sai com um andar mais leve, quando entrou de andar pesado.
Sai com as feições aligeiradas e entrou de semblante rígido.
Sai com um brilho nos olhos que não trazia...
Até amanhã, camarada!
Na alma... Na alma? O mesmo vazio esborratado.

terça-feira, 10 de março de 2009

Vês-me?

Olha!!! Olha!!!
Olha para aqui! Olha para mim!
Já... já não me vês?
Mas... mas eu estou aqui... continuo aqui... como sempre estive... como sempre.
Já não sou a mesma? Achas mesmo?
Dá-me um tempo para ver e rever... ver e rever... rever e ver...
E... tens razão... mudei... muito.
Que bom!!!
Fui uma sombra tua durante tempo de mais. Sim a tua sombra, nem sequer uma sombra do que eu era estava a conseguir ser.
O tempo foi pouco? Nãããooooo... Um minito que seja é tempo a mais... Dois minutos uma vida... Três uma eternidade. E eu dediquei-te minutos em excesso.
Mas despertei... e sem beijo de príncipe...
Depertei por mim e para mim.
Tens razão... mudei... e muito... e felizmente.
Rasguei-me por dentro e por fora. Um sangue vermelho saiu-me pelos feridas, pelos poros, pela boca, pela alma. E lavou-me!
Virei a alma do avesso e tornei a endireitá-la e a moldá-la a mim... só a mim.
E... não tens razão... não mudei... somente voltei a ser eu.
E... fui eu afinal quem deixou de te ver.

domingo, 8 de março de 2009

O tal do amor...

...encosto-me à gaveta do meio e escorrego por uma frincha... e escondo-me do amor num passo de tango mal dado. Vejo por uma nesga da gaveta do meio as reviravoltas a pares, em tangos misteriosos. E invejo aqueles pares, aqueles sorrisos e olhos semi-serrados. E escondo-me bem no fundo da gaveta do meio, onde me encostei e para onde me esgueirei... cada vez mais assustada, mas sem conseguir fechar a gaveta de vez. Guardando sempre na memória o som de um tango longínquo, vivido a par.

(comentário para o blog Bandida)

E como o pensamento ainda é livre...

E como o pensamento ainda é livre...
Eu vou pensar que a minha liberdade está aí... que os sonhos estão no virar da esquina...uns.
E outros bem guardados na palma da minha mão. E que eu vou voar sempre...acompanhada de mim... acompanhada do Mundo...meu.
Eu vou pensar que as minhas lutas ajudam, nem que pouquinho, a fazer a diferença... a fazer com que o Mundo gire de uma forma mais suave, mas com muita garra.
Eu vou pensar que vou voltar a acreditar e que vou continuar a agarrar este sorriso... para sempre.
Eu vou pensar que vou continuar a fazer sorrir o Mundo...meu.
Eu vou pensar... acreditar... sonhar... voar... planar... lutar... rir e sorrir... e erguer-me sempre que derrapar...
Eu vou pensar...pensar...penasar...

sábado, 7 de março de 2009

Que é feito?...

Que é feito de ti?
Por onde andas agora... que ruas percorres... que caminhos escolheste seguir?
Que é feito de ti desde que te apartaste de mim... para tanto sempre?
Que fazes tu numa sexta à noite? Ou num sábado logo de manhã?
Que é feito de ti?
Continuas? Ou mudaste?
Eu continuo eu... mas cresci que me fartei.
Que é feito de mim?
Continuo aqui... com os olhos postos no Mundo... e a vida a crescer por dentro e por fora.
Continuo aqui... com os pés aqui e além... com a alma ali e aqui.
Que é feito de ti?
Que é feito de ti?
Que é feito de ti?...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Por trás dos olhos que se fecharam lentamente

Os olhos vão-se fechando lentamente... ao sabor da dor... do sono... do peso dos anos. E encerram dentro de si todos os tesouros.
Os tesouros de uma vida vivida a várias vidas.
Os olhos que se fecham lentamente sabem que por trás deles está um tempo de sonhos... onde alegrias e tristezas; sorrisos, risos e lágrimas; contorcionismos e alongamentos; rugas e espasmos; amor, paixão e dor se misturam invarialvelmente... sem pedirem licença a ninguém. Misturam-se, baralham-se e deambulam por trás dos olhos que se fecharam lentamente... e abrem o espaço ao sonho no seu estado mais puro e intimista.
...aqueles sonhos que não pertencem a mais ninguém, mas carregam na bagagem um Mundo inteiro... que roda numa velocidade desequilibrante por trás dos olhos que se foram fechando lentamente.
E é por isto, e um outro tanto, que muitos destes olhos que se vão fechando lentamente escolhem nunca mais voltar a abrir...

A sós

Estar a sós sem se estar só... um desafio imenso, que nos engradece brutalmente.
Muitas vezes o desafio de um vida, ou de meia vida. Se bem que...quando chegamos realmente a meio da vida? Aos 40??? Antes? Depois?
E de que vida estaremos a falar? Desta, terrena, palpável?... Ou de uma vida mais imensa e mais contínua?
Quando chegamos então a meio da caminhada? E quando termina ela? Quais os requisitos que têm de ser cumpridos?... Respostas que só chegam nas vivências da vida. E por vezes em forma de sorriso... e outras de uma grande dor.
E no meio de todo este turbilhão que é a vida (e é-o sempre de alguma forma), erguemos um dia os olhos do nosso "umbigo" e conseguimos perceber que é ele a nossa melhor companhia, que é ele que permite nunca estarmos sós...

"Mãe, estamos aqui sozinhos!..."
"Não filho. Tu estás contigo e comigo, já somos dois... E eu estou comigo e contigo, já somos quatro."

segunda-feira, 2 de março de 2009

Amar

Maaaarrrríííííííííílllliiiiiiiaaaaaaaaaa!!!!!!!!!! AMOOOOO-TE!!!!!!
E o eco repetiu cem mil vezes... na sua voz rouca de eco... que alguém ama a Marília.
Mas aquela voz rouca, com uma mensagem doce, só feriu Marília. Porque Marília não ama esse alguém... não da mesma forma, não com a mesma intesidade, que alguém ama Marília.
E aquele amor que lhe é dado, todos os dias e com todas as formas só a fere, a rasga, a faz sofrer. Porque sabe que nunca conseguirá corresponder áquele amor.
Mas o que Marília na sua pequenez de ser humano não sabe é que aquele amor não pede o mesmo amor de volta. Aquele amor pede colo, carinho compreensão. Pede simplesmente para estar ao lado.
Alguém que ama Marília já percebeu as regras do jogo e sabe bem que Marília nunca o amará.
E com aquele eco só quer que aquele mundo saiba o quanto ele ama Marília...
...só quer que Marília saiba que é amada, sem ter que amar!

domingo, 1 de março de 2009

Desilusão?

"Mais um feio!!!"... viu-o e apaixonou-se... apaixonaram-se.
Viraram o mundo do avesso, sacudiram-no e partiram-no em mil pedacinhos. Amaram-se no limite e até aos limites. Estavam juntos desde sempre e tinham a certeza que para sempre.
Abandonaram tudo, feriram... e depois feriram-se. Sempre de mão dada, sempre... até as mãos se começarem a descolar de forma brusca, violenta...
...e as lágrimas foram tantas que secaram. E a dor foi tão imensa! E as decobertas tão duras... a descoberta da desonestidade no amor... alma em farrapos.
Desilusão?