sexta-feira, 31 de julho de 2009

Apertos

Deu um aperto... pequeninooooo. Saudades.
Sei que um dia volto, tenho essa certeza inabalável.
Até lá vou ouvindo relatos, revivendo memórias e roendo imaginariamente as unhas, até não poder mais... e sonhando com o meu regresso.
Até lá vou despertando outros sorrisos e noutros sorrisos e com outros sorrisos.
E aprender a paciência... a calma... no meio da luta e das lutas.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Abandonos

E entregamo-nos ao abandono... durante horas, dias, às vezes anos.
Um abandono que mistura a calma com aquela pequena dor que nos conforta. E vamo-nos deixando andar assim, até pairarmos no incerto.
E quando damos por nós entregámo-nos em definitivo a esse abandono de tudo, de todos, de nós próprios.
E é aí que estamos lá. Que chegámos. Sem descansos.
Quando esse abandono se torna consciente e feliz.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ver

Só tu não conseguiste ver as dimensões de um amor que passou tudo e por cima de (quase) tudo. Passou por cima dos que me amavam... e eu amava.
Passou por cima de muitos dos meus quereres...
Passou por cima de alguns sentires profundos...
E arrasou com grande parte do que demorei mais de 30 anos a construir.
Só tu não viste a dimensão desse amor!
Muitos não o compreenderam.
Só tu não percebeste que Tavira passou a ser uma opção.
Só tu não percebeste que troquei as Bahamas pela Jamaica.
Só tu não percebeste que passei a ter 3 filhos e que voltei a gostar de basket.
Só tu não viste que larguei a vida... soltei-me dela... desprendi-me.
Pairei simplesmente durante meses a fio...
Se me arrependo? Não. Só de não ter voltado a mim mesma mais cedo no tempo.
De resto... voltaria muito provavelmente a repetir tudo.
Porquê? Porque agora me ergo mais forte, mais capaz, de coluna mais direita ainda... com um sorriso renovado... independentemente de todo o socialmente condenável. Disso nem quero saber. Sempre fui uma outsider, para alguns a esquisita... e continuarei a ser.
Com o tempo ficarão só as boas lembraças. E não será complicado, também não são assim tantas. Muitas foram esmagadas por uma das dores mais profundas que alguma vez senti.
Soltei-me e perdi-me de mim. Estou a regressar...
E como eu adoro regressos!!!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Vou arrumar as chuteiras

Há alturas em que a decisão mais acertada pode ser mesmo arrumar as chuteiras e sentarmo-nos no banco a ver o jogo.
E isso não tem de ser necessáriamente mau... pelo contrário. E sempre nos preservamos de alguns pontapés nas canelas (e nos rins) desnecessários. Já basta os que não podemos de todo evitar.
Eu estou nessa fase!!!
Estou sentada no banco, de chuteiras na mão a ver tudo... a observar tudo. E a aguardar pacientemente que "o" treinador sinta que eu estou capaz de entrar em campo como membro válido para a equipa.
Enquanto isso vou enchendo as minhas prateleiras com mais e mais livros, que cada vez menos penso em afastar de onde estão. Livros que são meus, num espaço muito umbilicalmente meu.
Num espaço onde cada particula de pó tem uma história feita da minha história e de outras histórias de outros.
E aguardo... também é bom poder estar só a ver.

domingo, 12 de julho de 2009

Amêndoa Amarga

Arrasta os pés, do corpo pinga suor, os músculos parecem rasgados e a querer desistir, o calor invade-lhe o corpo para logo de seguida o abandonar. O cabelo que resta está desgrenhado e sujo, a pele áspera e as unhas das mãos e dos pés pintadas de fresco e negras.
Encosta-se ao balcão e pede uma amêndoa amarga, que afinal é doce, e bebe de um gole. Pede outra, sem gelo. E bebe o mais devagar que consegue, o mais devagar que sabe, tão devagar pela primeira vez no seu quase meio século de existências.
E ali está e ali fica e ali perde a noção do tempo e do espaço, que nunca teve, que nunca quiz ter. E dali parte na sua última viagem, numa caminhada sem rumo definido e com linhas bem traçadas. Sem se desencostar do balcão, daquele balcão que poderia ser outro qualquer.
Encostada áquele balcão, onde todos os olhos fingem não a olhar, onde todos os olhos não a conseguem ver, perde-se... e encontra-se...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Um dia (destes)...

Um dia (destes)... vou à disney e a Paris e a Praga... e ao Vietnam e Cambodja... e a Barcelona, Viena e ilhas gregas.
Um dia (destes)... viajo no tempo e uso o teletranporte.
Um dia (destes)... apanho a boleia do mar e dos ventos.
Um dia (destes)... volto a sentir o aconceho de uns braços e o coração a querer saltar.
Um dia (destes)... breve... estão de volta.
Um dia (destes)... abraço o Mundo e os Mundos... sem dor.
Um dia (destes)... a culpa vai-se e esvai-se por completo.
Um dia (destes)... o sorriso a espaços permanece e o acreditar de corpo e alma regressa a casa.
Um dia (destes)... a vibração sobe ao limite, sem limites.
Um dia (destes)... os ténuos limites do limite alargam-se até se esfumarem no nada do todo.
Esse dia não é hoje... mas começa hoje... e é uma certeza no tempo e no espaço.