quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Mais um ano cumprido

Mais um ano cumprido. Menos um ano desta vida.
Mais conquistas, mas também mais dores e desilusões a pesar no corpo.
Um corpo que já não responde à rapidez dos pensamentos.
E que venha o próximo ano, que cá o espero de braços abertos e mangas arregaçadas.
Com a certeza da chegada de novas vidas, novos amores, novas lutas e novas conquitas. Com a certeza de mais algumas dores e desilusões. Com a certeza de novas feridas abertas, de outras cicatrizes a marcar o tão afamado processo de crescimento.
No fundo, com um mar de incertezas no bolso do casaco, lado a lado com uma eperança cansada.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Para sempre "indio"

Para sempre "indio"... rebelde... inconformada... e com o desassossego latente nas veias, que não deixa o desalento tomar conta de mim por muito tempo.
Alguns murros em pontas de facas, numa luta desmedida pela palavra mãe: honestidade.
Uma palavra que lateja em mim e me obriga a seguir este caminho e não outro, que me fosse mais suave, mais almofadado.
Uma sentir que me impele a lutar, que me atira para a frente, mesmo quando completamente só nas minhas causas.
Um viver por causas... nas causas.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tanto por dizer

Uma doce sensação de tristeza embala-me a alma e o corpo. Oiço-te do outro lado do fio e emudeço. Fica tanto por dizer. Por dentro fervilho. Agarro nos embrulhos e caminho, sempre em frente. E continuo. E tanto que ficou por dizer. Tanto...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Infinitamente

Há dias que se arrastam infinitamente sem percebermos os porquês das razões.
Fecho os olhos e tento distrair-me em mim. Mas aquelas imagens não se apagam.
E o dia arrasta-se infinitamente.
E com os dias as imagens esbatem-se... dão lugar a outras.
E a vida arrasta-se infinitamente num turbilhão de vontades. Numa pressa desmedida. Onde tudo passa ao ritmo de um enorme tropeção... infinitamente.

sábado, 20 de novembro de 2010

Em frente

Quedas... dor.. vontade de largar tudo.
E continuar sempre.
Saber que amanhã é outro dia... que daqui a sessenta minutos é outra hora... e que daqui a sessenta segundo outro minuto...
Manter a cabeça de fora...
O corpo em suspenso...
Pairar.
Manter sorrisos. Ganhar sorrisos.
Disfarçar dores... tapar as feridas... esconder as cicatrizes.
E seguir em frente.
Sempre em frente... nem sempre para a frente.

Hoje preciso...

Hoje preciso que me puxes para ti... que me abraces no teu calor e me beijes os cabelos.
Hoje preciso que fiquemos assim... imóveis... no nosso canto. Com a cabeça no ar... e os pés bem assentes na terra.
Hoje preciso de ficar de olhos fechados... aninhada em nós... porque os sentidos são cinco e os sentimentos mais de mil.
Hoje preciso que me puxes para ti... só.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

...

Um sabor amargo tão conhecido está de volta. Sei que vai acabar por passar. Mas enquanto está... está mesmo.
Uma vontade de fechar os olhos por uns dias... e quando os abrir o efeito memória desapareceu. Mas não vai ser assim, nunca é.
E leio frases feitas que só nos animam quando não precisamos dela.
E remeto-me aos meus silêncios povoados de gargalhas ôcas e olhares tristes.
E a consciência volta a atraiçoar-me. E a doer.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Acreditar?

Acreditar?... É tão cada vez mais difícil...
Quando parece que sim, que pode ser, que talvez eu é que tenha estado enganada desde sempre o desânimo volta a assolar-me.
Uma onde que varre tudo... e deixa algumas algas e conchas... outra onda que volta.
Os braços voltam a baixar-se, num movimento abrupto e automático. Enrolo-me em mim, num gesto que tão bem conheço. E que me protege.
Nada a fazer. Parece que é assim mesmo.
Um névoa volta a rondar. Volto a ouvir as canções de sempre, dos poetas de sempre... e que vivem comigo sem sequer desconfiarem... sem medos, sem cobranças... sempre, sem súbitos e inexplicáveis desaparecimentos.
E é mais um vez isso a vida. Vidas que se cruzam com a minha e na minha... e saiem.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

...

Dou-te a mão e sorrio aos teu lado. Puxas por mim e corremos no passeio... sem parar.
Pelo caminho aninho-te no meu colo, a espaços, seco-te as lágrimas e lambo-te as feridas.
Ensinas-me como se volta a sorrir... só por sorrires para mim.
E passamos a partilhar sorrisos... e risos... e abraços longos e apertado.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

...

Os olhos fechados... uma respiração suave... um pequeníssimo sorriso no canto da boca... cabelos em desalinho.
Sonha. De certeza que está a sonhar. E eu fico ali... horas... a sentir aquilo que nunca é demais sentir-se... a sentir aquilo que só eu consigo sentir. Está ali e é só meu... o cheiro, o calor, o sorriso.
Fecho os olhos e permaneço para sempre naquele momento.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Empurrões

Mais um empurrão, tropeço, vou com o joelho esquerdo ao chão e sangro. Mas levanto-me e respondo. Os olhos brilham. Sim, são lágrimas. Admito.
Respondo bem alto, grito a minha justiça... com uma voz pausada... grave... serena.
E no final... No final o Mundo continua a girar sem sair da sua trajectória... como se nada fosse.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

...

Chove lá fora. Mas uma promessa de sol espreita a um canto do Mundo.
O chão reflecte um falso brilho e as folhas acabadas de cair da árvore ainda sorriam à luz.
Nós continuamos o nosso caminho... repetido... diário.
Uma formiga atravessa-se à frente dos nosso pés a grande velocidade.
Travamos a marcha para não a pisar... voltamos a travar a marcha para respirar fundo os cheiros de mais um dia.


Texto escrito para o desafio sobre o Cheiro da Chuva, da Fábrica das Letras

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Estamos

Estamos mais velhos... mudados pelo correr da vida.
Trocamos sorrisos, que ainda sinto cúmplices ao fim de todos estes anos. Ou terão voltado a ser? Ou será uma ilusão?
Precisámos de uma pausa. Fizémos uma pausa.
Mas as dúvidas rodam sobre o que queremos... sobre o que quero.
Apetece-me meter a cabeça debaixo dos lençois e esperar. Mas, esperar o quê?
Por ti? Que passe?
Teremos sempre um nós bem vivos. E disso não podemos escapar... e eu não quero.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Hoje

Hoje... há 10 anos... tudo mudou.
Um sorriso entrou em mim... permanece.
Um sorriso além de todas as dores e todas as mágoas.
Um colo para dar... partilhar.
Hoje... há 10 anos... a minha vida (re)começou.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mudem...

Mudem... lutem... arregacem as mangas.
Dêem murros nas paredes e gritem em voz bem alta... arrombem portas.
Ponham a vida a arder, do avesso.
Façamos uma revolução... a sério.
Deixemos só de dizer e passemos a agir.
Não dá mais... o povo é sereno... mas tem limites.
Saibamos construir um Mundo melhor para nós.
Deixemos um Mundo melhor aos novos filhos... e filhos melhores ao nosso Mundo.
Deixemo-nos de hipocrisias fúteis.
Não nos deixemos ficar.

domingo, 17 de outubro de 2010

Mudar

Mudar, sempre a mudar... sempre em mudança.
Um dia estou cá... no outro não.
Um dia tenho a pele morena do sol... no outro dia branca, branca... e mantenho.
Uma certeza? Para nós não mudo mais... Por nós não mudo mais...e estarei cá sempre.
Se ainda (nos) quiseres.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os cheiros do cheiro da chuva

É uma chuvinha delicada que se adensa com o passar das horas, mas sem perder por um segundo que seja a sua delicadeza.
Molha-me a ponta dos sapatos... vai-os ensopando até chegar aos ossos dos meus pés.
E sabe bem... sabe tão bem.
Faz-me sentir viva... disperta.
Inspiro bem fundo e tento absorver os cheiros desta chuva.
Castanhas assadas... terra molhada... relva fresca...
Volto a inpirar, mais fundo ainda.
Um perfume que passa ao meu lado... um tubo de escape de uma mota que acelera...
E a chuva que não pára, não abranda. Já prometeu que vai cair durante mais algumas horas. E vai cumprir.
Uma mão de criança cheia de gomas... um café quente... duas torradas com muita manteiga (... os meios ficam para o fim!)
E no final do dia é a todos estes cheiros... e a tantos outros... que cheira o cheiro da chuva.

Texto Escrito para a FÁBRICA DAS LETRAS (Desafio Outubro - "O Cheiro da Chuva")

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Chovia muito...

Chovia muitoooooo... imenso.
Uma rosa no parabrisas do carro... vermelha... despedaçada... anónima.
Uma carta de amor... A primeira de sempre... A última para sempre.
E o cheiro da chuva confunde-se nos dias mais longos e nos amores mais amores. Troca-me as voltas, bem à última da hora. Faz-me sentir perdida no meio de uma imensidão de cheiros.
E no final... afinal, a que cheira a chuva?


Texto Escrito para a FÁBRICA DAS LETRAS (Desafio Outubro - "O Cheiro da Chuva")

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

...

A desilusão é um pequeno espinho que se crava entre a alma e o coração.
A infecção alastra... e aí começa a doer... muito... muito.
Arranca-se o espinho... o corpo contorce-se... purga o veneno e a infecção... a dor fica por mais tempo... muito. A cicatriz ficará para sempre... ali colada entre o coração e alma.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O amor

Nasceu... olhos semi-cerrados... pequenino... pele enrugada.
Tão pequenino. Como iria eu pegar nele?
Lindo!!!
Peguei... e vivi com ele... vivo. Respiramos juntos e sorrimos a par. As suas dores são muitas vezes as minhas... e os seus sorrisos rasgados ajudam a construir os meus.
Um amor total... sem barreiras... acima de tudo o que é demasiado pequeno e existe a mais neste Mundo, onde às vezes julgo termos caído por algum engano divino.
Um amor acima das minhas forças... e além de tudo.
O amor.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A salvo

Hoje desenrosquei-me e saí do quentinho. Abri os olhos para o Mundo. Havia luz... muita luz... e uma cara risonha de cansaço. Dois braços quentes...um colo.
Um porto seguro... dois... no meio da hostilidade, da imundice humana que me rodeia logo que pode.
Mas ali... naqueles dois pares de braços... estarei sempre a salvo... até de mim.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sonhos

Tive um sonho... voei alto... pairei lá em cima. Por cima do acima.
Esbanjei sorrisos... dei-me. Rocei os limites... andei na linha entre o aceitável e o supostamente condenável. E ousei sentir que tudo ia acabar ali... ali onde aparece o "e foram felizes para sempre"... ali onde somos intocáveis... inatingíveis.
Acordei... sequei as lágrimas e segui percebendo que o "e foram felizes para sempre" se constroi ao segundo... quando criamos sorrisos à nossa volta.

domingo, 19 de setembro de 2010

...

Apetece-me escrever... mas as palavras não saiem, estão secas.
O choro incha-me os olhos e as mãos tremem ao desespero.
Apetece-me escrever... mas as palavras fugiram... para onde?
Um dia voltarão a mim... assim como eu voltei.
E são as certezas inabaláveis que me fazem encontrar as forças para prosseguir no meio das dúvidas e temores.

...

Fecho os olhos com leveza e sorrio... é bom flutuar em mim... com vocês.
Encosto a cara à almofada ainda com cheiro a quente... a sono.
E deixo-me simplesmente estar.
E consigo manter o sorriso... o meu sorriso.
E as memórias vão passando e alterando as minhas feições. Sem franzir a testa, sem abrir os olhos... mas a expressão dos olhos vai mudando com as recordações.... lembranças esfumadas pela nitidez do tempo, mas que nos guardam sensações, toques, cheiros.Para sempre!

...

Sábado de manhã e o despertador toca por engano. Nada o faz calar, nem áquela voz que canta nem quero saber o quê lá dentro daquela caixa com botões.
Reviro-me nos lençois brancos e frescos que insisto em pôr nos dias de calor. Cheiros misturados. Vincos dos dias que se vão sucedendo.
Fecho os olhos e prometo a mim mesma que assim vou ficar por mais um momento... ou dois.
Um momento que durará o que me apetecer. Porque este sábado é para isso mesmo. É para ser o que me apetecer. É para deixar o destino e a intuição correrem sem limites. É para sonhar... flutuar... e só poisar... talvez... no Domingo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

...

Voltei comigo a mim... e com vocês.
Reeiventei-me e ao meu Mundo.
Ou rebusquei-me do fundo do baú.
Encontrei o sentido... com novos sentidos todos os dias... com novos sorrisos a cada segundo... e com novas dores nos segundos seguintes.
Cresci... dois centimetros?... três?
Voltei a diminuir... sempre que me encolhi e me recolhi. Para depois crescer ainda mais. E com aquela estranha inadequação que o sentido de tempo no tempo me dá.

domingo, 12 de setembro de 2010

Amanhã...

Amanhã é o primeiro dia... Não consigo adormecer... Rodo na cama sem conseguir sequer fechar os olhos.
Afiei os lápis de cor... arrumei a secretária... rearrumei tudo o que podia e reenventei o quarto.
E adormeci.... adormeci.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

...

Trazias na mão uma pequena goma encarnada, polvilhada com açucar e muito redonda.
Aceitei-a com um sorriso e dividi-a contigo. E assim começou este "era uma vez"...
E quando pensei adivinhar um final "e viveram felizes para sempre" uma sombra negra tomou conta de tudo... de mim... de um nós.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

...

Com um punhal na mão deu-me um abraço prolongado. Espetou devagarinho nas costas. Ao princípio nem senti, depois uma ligeira impressão, até que... sem saber bem como... me esvaí em sangue.
Aí desapareceu.
Fiquei caída algum tempo... amparada pelos sorrisos.
Acabou por passar... por ir passando. Ficou o incómodo nas costas... uma sensação estranha que às vezes se faz sentir... como um repelão por dentro...
E agora? Aprende-se a respirar de novo, a sorrir outra vez... luta-se diariamente para seguir em frente... para se olhar menos e menos para o que se deixou lá.

domingo, 5 de setembro de 2010

E se...

E se a vida parasse por uns tempos... segundo ou dias...
E se o meu coração parasse de bater por algum tempo... para depois se reabrir ao Mundo.
E se o Mundo parasse de girar amanhã de manhã... para retomar o movimento à tarde.
Paremos a vida, paremos os nossos corações, paremos o Mundo... aprendamos a respirar e a sorrir.
Voltemos atrás... saibamos pedir desculpas e dizer obrigada... devolvamos os sorrisos que desviámos do lugar.
Aprendamos a abraçar sem punhais nas mãos... a dar o braço sem pôr o pé à frente.
Aprendamos a viver as alegrias dos outros como genuinamente nossas... aprendamos a sorrir na gargalhada do outro... aprendamos a poder acreditar.
E se isto fosse possível...
E se isto acontecesse...

Voltas

Andei à tua volta, mas... não estavas lá... não estava lá.
Tinhamos partido para parte incerta... por tempo indefinido... para lados opostos na tentativa de nos encontrarmos numa curva do caminho.
E o "nunca mais" começou a ganhar forma com o passar dos anos. E os teus traços começaram a esbater-se na minha memória. E os nossos contornos a esfumarem-se.
Até "sempre" meu destino... numa curva qualquer.

sábado, 4 de setembro de 2010

Retornos e regressos

Retorno a casa e regresso a mim.
Com sombras e sorrisos, duvidas, angústias e certezas inabaláveis.
Estou de volta... sou eu... sempre eu e muito eu. Com um bocadinho de cada amor e desamor, de cada conquista e desilusão. Com um bocadinho de cada cada sorriso que me foi oferecido e de cada murro no estômago que me foi dado.
E o eu sou eu... e o eu somos nós... todos.
E quando partir nunca mais será para sempre... deixo as árvores que plantei e cuidei com a ânsia e a obstinação de quem quer partir ficando.
E quando partir... retorno a casa... com um regresso a mim.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

...

Os olhos baixam ligeiramente e a cabeça descai um pouco... por pouco tempo..
Levanto-me num movimento abrupto... amparada pelo orgulho e a humildade... num equilibrio raro e frágil. E enfrento... olhos nos olhos... as justiças e as injustiças.
Lanço a voz num tom sereno... de quem controla... admito erros... reparo injustiças (tento).
E tento manter-me no meu circulo.
E saio... de olhos nos olhos... cabeça para cima.
Ficam os pensamentos... para serem pensados.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

...

Tenho saudades de mim... daquilo que fui... daquilo que sonhei ser... daquilo que sou hoje e daqui a cinco minutos... e até daquilo que virei a ser.
Tenho saudades profundas, com dor.
De ti. Deixei-te ir, de vez? Duvido. Estás cravada na minha alma, tenho os teus cheiros presentes... arroz doce... as tuas gargalhadas. Vais estar sempre aqui, tenho dificuldade em largar-me de ti.
Sinto a falta da tua presença, do teu calor a abraçar-me. Do teu olhar.
Vai ser sempre assim... até ao dia.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Suspiro

Um suspiro passageiro...
Estou aborrecida...
Quero sair, vaguear no meu Mundo, ler os meus livros.
Quero apanhar flores do campo, viajar com elas na mão.
Um suspiro passageiro que se vai eternizando... até...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

...

Sentei-me no muro de pedra, pintado de branco pelas trinchas molhadas em cale. Já secou, mas o cheiro permanece e entranha-se em mim. Traz-me recordações de outros tempos... boas, muito boas. Traz-me recordações de Verões longínquos e felizes.
Descalço as sandálias e sinto o fresco da pedra na sola dos pés.
E quero ficar lá para sempre... nas recordação dos Verões longínquos e felizes.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Caminhos

Peguei no bico de um lápis de carvão partido e numa folha de papel, com linhas.
Comecei por fazer umas escadas... depois um caminho e mais um e outro ainda.
Desenhei um sol, flores, uma bola e um baloiço...
...e três sorrisos... mesmo antes de ficar sem o bico do lápis de carvão e de ficar com a ponta dos dedos da mão direita negros.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sons de fundo

Balanço ligeiramente ao ritmo de uma ligeira brisa teimosa que me desassossega a alma.
E vivo neste balanço ligeiro... que se intensifica, que me abranda, que me vira e revira.
E como música de fundo? Os sons de uma vida que já vai a mais de meio... que se começa a esfumar, lentamente... sem que possa fazer muito mais que respirar e sorrir... que viver.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

...

Deste-me a mão... puxámo-nos para cima... para sempre.
Mas final para sempre foram só três dias... vividos ao limite e nos limites. De todos, até de nós próprios.
E depois? Depois foi o não aguentar... o ir largando as mãos... até...
Até termos de recomeçar mais uma vez... Com sangue nas palmas das mãos... e da alma. Que correu horas a fio... mas nos foi libertando... muito lentamente... cada um para o seu lado da vida... mais um vez.

terça-feira, 29 de junho de 2010

...

Encontrámo-nos... junto ao rio... depois de anos de desencontros.
Pela tua cara escorria um vazio de lágrimas, de um choro perdido.
Pela minha algumas lágrimas redondas, salgadas, sentidas.
Dançámos ali... demos as mãos num rodopio infinito.
Escrevemos, muito, cantámos, voltámos a dançar.
Corremos as ruelas impossíveis de duas vidas numa só.
Sonhamos com um Mundo a rodar por nós, para nós, connosco. Sonhamos...
E... quando nos desprendemos... Pela tua cara escorriam lágrimas redondas, salgadas. Pela minha um rio seco de lágrimas sofridas.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

...

O cansaço é tanto que adormeço enconstada a uma pedra... uma qualquer.
Deixou de ter importância... a sua cor... o seu toque fresco e áspero.
Basta uma simples pedra... uma qualquer.
E adormeço... serena.

terça-feira, 22 de junho de 2010

...

Temia isto... que a amizade se esfumasse.
Sinto falta do teu bom senso... da tua segurança de criança perdida no mundo dos grandes.
Dizemos-nos amigos... sempre.
Mas... onde andamos?
Perdemo-nos... escondemo-nos um do outro.
Com medo. Tememo-nos... de certa forma.
E em momentos não nos resistimos... para logo de seguida nos afastarmos, corrermos na direcção contrária de nós mesmos... até um dia.
Até ao dia.

domingo, 13 de junho de 2010

Cerejas

O telefone toca e vou...
Cabelo? Qual cabelo? Curto, bem curto.
Mais uma mudança... mais arrumações...
Tudo o que está a mais vai fora.
Tudo o que me pesa, tudo o que me mantem aprisionada à dor vai para o lixo.
É altura de reciclar... o lixo... a vida... o Mundo.
É tempo de cerejas e de renovar sorrisos.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Há dias...

Há dias assim... em que acorda assim... em que se fica assim... até passar. Um dia. A uma qualquer hora.
Mas não passa...completamente. Fica lá. Está lá.
Às vezes acorda... faz-nos sangrar. Faz-me sangrar.
A esperança esbate-se, esfuma-se. Para se renovar de seguida.
Mas a pequena desilusão que sempre me acompanhou... essa continua lá. No seu ninho quente e traiçoeiro.
Uma luta... (para) sempre.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aqui ou ali?
Cá ou lá?
Ontem? Hoje? Quando?
Nunca? Sempre? Para sempre?
Se...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pausas

Olho e finjo que não vejo... Ponho os óculos escuros e disfarço.
Sinto e finjo que não doi... Ponho um penso. Amanhã é outro dia.
Amanhã é sempre outro dia... um dia de dias que se sucedem... e não dá para pôr em pausa. Só para ir ali num instantinho e voltar.
E... se não voltar? E se deixar a vida em pausa? E me passear por entre um Mundo que parou? Um Mundo meu...
Vou ali... e volto já. Se não voltar?... Fico ali.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Braços

Enrosquei-me naqueles braços quentes... aqueci. A alma... serenou.
O toque doce, de mão de homem.
A respiração bem junto ao meu pescoço... ao meu ouvido.
Uma eternidade consentida... que termina umas horas depois...
Amplio as alegrias. E eternizo-as no tempo... num espaço.
E dormi. Naquele calor.
Ou não... ou tudo se esfuma no bater de uma porta.

sábado, 5 de junho de 2010

até...

Dia sim... dia não... dia sim... dia não...
Bem me quer... mal me quer... bem me quer... mal me quer...
Saltito nas margens daquele rio e faço saltar pequenos seixos redondinhos por cima da água... até mergulharem e desaparecerem.
Molho os pés... as pernas até ao joelhos. Só até aos joelhos. E as calças.
Aquele fresco de uma água que segue o seu caminho sem olhar para trás entra-me pelo corpo e aquece-me estranhamente a alma... mas refresca-me a pele... a cara... os braços... as mãos.
Molho o cabelo e atiro-o para trás das costas. E o passado fica lá... atrás das minhas costas com o cabelo molhado e uma frescura subitamente inexplicável.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Abraço

Dá-me um abraço, sem me tocares. Não me apertes. Mantem a distancia entre o teu eu e o meu... ao mesmo tempo que os dois se entrelançam e vibram numa dança sem sentido...descompassada.
Abraça-me sempre e para sempre... lá... onde o eu sou eu e o tu és tu. Lá... onde o eus se encontram. Lá... naquele ponto... no equilibrio.
Abraça-me onde os sorrisos se unem, os dedos se tocam e os eus se conhecem... de olhos bem fechados.
Abraça-me ao pôr do sol... até ele voltar a nascer. Dias, meses, anos... o tal sempre... e para sempre.
Abraça-me... simplesmente.

Memórias

Durante anos fui guadando tudo, numa pequena caixa de sapatos ortopédicos que foi crescendo com o tempo.
Guardei areia de praias e pedras e conchas.
Guardei os brindes do bolo rei.
Guardei amores e desamores... paixões e desilusões.
Guardei carinhos. Guardei miminhos. Guardei pontapés e pedradas.
Guardei sorrisos e lágrimas. Arrepios de frio. Peles de galinha.
Guardei sonhos, esperanças.
E vivi e fui vivendo. Em luta para respeirar, sempre por mim.
Em luta... quase sempre... quase sempre comigo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Estiquei a minha mão...

Estiquei a minha mão... queria apanhar a chuva toda, mas só caiu um pingo. Um único pingo.
Um pingo que se diluiu... desapareceu... no meio a sangue que me escorre por entre os dedos.
Fico assim... de mão esticana para o nada durante uma existência.
Só depois a envolvo num lenço encarnado, que esconde o sangue, o pingo de chuva e a dor imensa... encosto a mão ao peito e petrifico-me assim, durante mais uma existência.
E assim... em ciclo... circulos... pequenas corridas... e muito mais... se chegá lá. Ao fim!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pessoas... vidas... nas vidas.

É impressionante... fascinante até... como as pessoas entram na nossa vida...rodopiam nela.
Umas ficam... outras partem sem regresso anunciado.
Umas fazem caminhos ao nosso lado... outras caminhos paralelos... diametralmente opostos.
E eu rodopio na minha vida... a mil... a mil e um.
Entro e saio da minha vida... da vida dos outros... num bailado desconcertante... até para mim.
A vida é assim, feita de múltiplos bailados que se cruzam e abarçam até sempre... até nunca.
A vida. The end!!!

Até breve... até sempre

Ironicamente bom... um dia tudo isto acaba.
As dores, as amarguras, vão-se como que por magia e ficam dispersas no ar, misturadas entre cheiros.
Comigo vão os momentos felizes... os pensamentos felizes. São eles que nos fazem voar. São só eles que eu quero no meu bolso.

sábado, 22 de maio de 2010

Para sempre

Uma lágrima de apreensão desce-me vagarosamente pela cara....e pára mesmo no canto esquerda dos lábios. Paira por ali durante umas boas horas. Contorna a boca... desce pelo queixo e perde-se no vazio do felizes para sempre, no meio de um sorriso pequeno e assustado.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Questiono (me)

Questiono (me) qual o sentido de tudo isto. O porquê das alegrias... das dores... dos sorrisos... das lágrimas.
Questiono (me) para que serve tudo o que me envolve... onde vou eu chegar.
Questiono (me) se quero chegar... e onde.
E a cada questão sem resposta, mais um ponto de partida para uma busca... mais um ponto de partida para caçar un sorrisos e trazer para casa uns quantos murros no estômago.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dar (me)

Ás vezes ouso espreitar cá para fora, insisto em mostrar-me um pouco mais.
Mas rapidamente volto para dentro. E faço a festa aqui, comigo, com quem realmente está.
E é tão bom.
Fujo das hipocrisias, cada vez mais... sou alérgica a falsos sorrisos. Detesto abracinhos de momento.
Dou-me a quem quero... quando acho que sim...
Mas acima de tudo, dou-me a mim mesma todos os dias.
E isso é paixão... acima de tudo paixão... vida.


Texto sobre o tema PAIXÃO, para o desafio de Maio da Fábrica das Letras

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lógicas

Movo um pé devagarinho e depois outro.
Pela ribanceira de ervas rolam minúsculas pedrinhas.
Tento não acordar o Mundo... não o incomodar.
Respira tão traquilo...
Mantenho-me imóvel a escutar.
O seu coração bate dentro da normalidade... uma normalidade dentro da sua imensidão.
Sento-me no chão de terra húmida, encosto-me a uma árvore.
E tento nunca adormecer... para ver tudo... sentir tudo e cheirar tudo.
Não posso perder aquele fio de água que corre ao meu lado, para mais à frente se transformar numa torrente imensa.
Não posso perder o som dos pássaros, das pequenas lagartichas que serprenteiam por aqui, das maçãs que caiem descompassadas da árvore a que me encostei.
Tudo ao seu ritmo, na sua lógica que pareço não compreender... mas aceito.
E quando aceito... com um sorriso, mas sem resignações... volto a respirar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

...de mim...

Vou ter saudades de mim... mas... é impossivel voltar... recuar.
Vou sentar-me naquele banquinho... ali ao canto... e adormecer... e sonhar... comigo.
Terei para sempre orgulho... do que fui... do que sou... do que serei.
As manchas do tempo não saiem.
Vou enrolar-me no cantinho... tipo bichinho de conta... e viver... comigo... com o meu sorriso.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Vamos comemorar!!!

Vamos comemorar a vida. Brindemos aos dias felizes, às gargalhadas genuinas, aos sorrisos inocentes.
Vamos comemorar, pura e simplesmente comemorar... porque nos apetece... sem razão especial e por todas as razões do Mundo. Brindemos aos amores eternos, às amizades verdadeiras, à lealdade.
Façamos manifestos contra a mediocridade... pintemos os muros com palavras de ordem... deitemos abaixo os preconceitos... derrotemos os hipócritas.
Vamos comemorar a liberdade de pensamento... vamos comemorar a capacidade de pensar... mesmo que isso irrite o Mundo dos Mundos.

sábado, 1 de maio de 2010

Canetas

Doiem-me as mãos, mas não consigo parar de escrever. É um impulso, não largo a caneta. Um manifesto.
E no dia em que morrer quero ser enterrada com um caderno e uma caneta... e de chinelas. Essa sou eu... essa serei eu.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Filtros

Sento-me no chão em frente à janela. Um vidro muito limpo tenta não distorcer o que se vê do outro lado.
Através da janela vejo a relva crescer, os pequenos insectos a começar o dia, as florinhas abrir as pétalas com o sol da manhã que parece irradiar uma alegria cansada.
Um pé gigante passa e esmaga tudo à sua passagem... que murcha... uma nuvem escura paira agora.
Abro a janela... depressa... tudo passou...

domingo, 25 de abril de 2010

descalça

Juntei os pés e cheguei-os à pontinha do muro. Durante horas olhei para os meus pés. Durante horas mantive-me sentada na beira do muro. O mar em baixo. O céu ao fundo. Um barco... dois.
E depois do sol se pôr... bem lá ao fundo... levantei-me e fui-me embora. Descalça.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sentidos

O medo vem... vai. Impede-nos de saltar... faz-nos temer o depois... de não saltar.
A confiança vai... e vem. Faz-nos sorrir, seguir, continuar... mesmo depois de saltar.
O sorriso vem... fica... vai... volta. Faz-nos lembrar que saltámos... ou não. Faz o nosso sol brilhar... sempre.
A dor obriga-nos... a cair, a levantar, a ser, a estar, a sentir... a sentirmo-nos... a estarmo-nos.
Até que se descobre um sentido... o sentido... o nosso.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Os melhores beijos do Mundo

Um beijo terno fê-lo despertar. Resmungou, refilou pela janela aberta e voltou a tapar-se até às orelhas. O despertador tocou, começou a sentir-se o movimento, a preciana a abrir. Mais um beijo.
Beijos dados, beijos retribuidos... com doçura... com amor... com paixão. Com garra, muita garra pela vida vivida e pela vida para viver.
O que ficou por viver foram somente promessas vãs ou então sonhos desfeitos, que se recompuseram noutros... que caminharam com bases a cada dia mais sólidas.
Poderemos fingir que voltamos atrás... para dar o beijo esquecido. Mas até aí estamos a andar para a frente.

sábado, 10 de abril de 2010

english experience

save me... save me from me... save me from everything.
put me in a safe place... maybe at a pedestal... ou simplesmente num lugar bem alto... bem longe. where anyone, even you, even me, can't reach.
smile for me... everyday... everytime... ou simplemente sorri. a smile from inside, from my heart. betting anxiously for me... from me.

muros

Um muro grande, branco, brilhante... algumas manchas escuras... que se esbatem ou escurecem ao ritmo das batidas de um coração. Ao ritmo dos ritmos. Ao ritmo da vida... das vidas.
Escorregamos ao sabor da chuva, em compassos de cheiros e sentidos... pequenos toques... as mãos fecham-se uma na outra... apertam-se.
A mentes voam muito além... numa só... soltas. O corpo enrodilhado naquela beira de muro e de estrada... ao lado de uma papoila minúscula.
A alma vai e volta... rodopia... desliza...cruza-se.
E o sol brilha sempre e muito. Obriga-nos a fechar os olhos... a serrar os punhos... e a seguir sorrindo.

domingo, 4 de abril de 2010

Acreditar

Um vento Norte soprou-me de mansinho e obrigou-me a fechar os olhos. Rodopiei sobre mim mesma e em mim mesma horas a fio.
E agora? E se abro os olhos? Tento em vão faze-lo... mas tudo continua a rodopiar à minha volta. Sinto uma náusea... estatelo-me no chão. E ao mesmo tempo volto a cerrar os olhos.
Talvez até o vento abrandar... talvez para sempre.
Mantenho os olhos fechados e aprendo a ver assim. Vou tateando até conhecer as cores do Mundo pela ponta dos dedos. Reaprendo a viver. Reaprendo a sorrir. Reaprendo tudo, menos a acreditar.
Voltar a acreditar parece-me uma impossibilidade. Voltar a acreditar está ali... à distância de um passo... um passo para mais um abismo!?!?

Texto para a Fábrica das Letras - O Abismo

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sim, estou de mau humor...

Sim, estou de mau humor.
E então? Também tenho direito.
E quero estar assim.
Não tentem dissuadir-me porque quero estar como o tempo... cinzenta.
Pelo menos por hoje.
Não adianta malabarismos ou passes de magia... estou assim e ponto final.
Sim, estou de mau humor.
Não escolhi estar assim... mas escolho ficar assim... por um tempo.
Quanto? Sei lá?
Por algumas horas... por meses... para sempre. Com disfarces.
Quam sabe. Eu não. Nem me preocupo com isso.
Sim, hoje estou de mau humor.

quarta-feira, 24 de março de 2010

De regresso a mim

Estou de regresso a mim... finalmente... Num silêncio bom.
Andei por fora... tanto tempo... tantas vidas.
Minutos que pareceram anos... anos que foram segundos.
Rasguei-me, sem nunca me curvar.
Cresci... metros a fio.
Juntei novos companheiros nesta caminhada... deixei outros pelo caminho... e outros ainda nos seus caminhos.
Respeito... respeitos mil.
Finalmente... de regresso a mim... em silêncio.

Para Fábrica das Letras - "Silêncio"

terça-feira, 16 de março de 2010

Tesouro

Esgravato na terra... à procura de um tesouro... do meu tesouro.
E alguém o tirou de lá.
A terra já está remexida...seca.
A terra entranha-se nas unhas e na pele. Afasto pedras, arranco ervas. E a terra encarde-me a pele e a alma. Nunca mais sairá de mim.
E é esse o meu tesouro.

Alma à solta

Não sou de cá... não pertenço aqui. Mas estou cá... incrustada.
Um corpo emperdernido, sem movimentos. Uma mente ágil, esvoaçante.
Uma mente que é de cá, de lá, daqui e dali. Sem na realidade ser de cá ou de de lá, daqui ou dali.
Um corpo, matéria... que é daqui e por aqui acabará.
Um alma à solta por este e por outros mundos.
Uma trancendência que me transcende o aqui.
Que me confunde, me atira ao chão, me levanta... para depois começar tudo de novo.
Até à paz!!!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vi

Vi, está visto, materializado.
Sempre existe.
Mas tu já não és tu... não existes.
És-me estranho, indefinido... sem contornos...os que conheci.
Sinto pelo que não vivemos e me foi prometido... mas o meu lugar já não é lá.
Quero respirar... devagar. Deixar as lágrimas correr... sem pressas.
E seguir sorrindo.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Respiro... sinto...

Um sonho, uma nuvem, uma sombra...
Caminho em linha recta, aos zigue-zagues. Constantes contrasenços que me fazem sorrir.
Levanto a cabeça, sigo em frente. Tropeço vezes sem conta, mas caminho sempre...coluna direita... cabeça erguida.
Pairo...
Cruzo-me e descruzo-me. Sento-me e respiro.
Aprendi e respirar. E é tão bom!!!
Os músculos relaxam...penso...sinto...sinto...sinto...
E desejo-te bem... desejo-vos bem... apesar de terem o mal.
Sigo em frente... respiro... sinto.

Ventos fortes

Trazia a alma amordaçada... os dedos das mãos amarrados... o coração em pequenos pedacinhos de papel... Vinha envelhecido antes de tempo.
Foi-se chegando, tomando conta de mim... tirou-me a energia e passou a respirar através dela.
Foi ficando...permanecendo... e tirou-me o sorriso, as forças, a inocência que me restava.
Partiu... e deixou-me com a alma amordaçada e o coração em pequenos pedacinhos de papel... Fiquei envelhecida antes de tempo.
Até outros ventos soprarem.

Fábrica das Letras - Velhice

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Misticas

Uma pontinha de dor sobe-me pelo braço acima... e aquele sorriso que não tira os olhos de mim.
Viro a cara, mas ele está sempre lá... em todas as paredes, atrás das estantes, dentro dos armário...
Tento em vão fugir dele e alimentar aquela dor. Anos a fio.
Uma certa melâncolia fica sempre bem... cria uma certa mística à minha volta.
Mas um dia, nem sei bem quando... nem me preocupo em saber... cedi.
E deixei de virar a cara... a mística mantem-se.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Admito...

Tenho que admitir que a caneta às vezes pesa toneladas na minha mão com a pele enrugada e seca.
Tenho de admitir que por vezes a cabeça se esvazia... mas não abre espaço para mais nada.
Tenho de admitir que há dias em que ganho uma imensa surdez... e tento em vão uma cegueira.
Tenho que admitir que em certos dias as pernas vão pesando até tombarem sobre o colchão empoeirado.
Tenho que admitir que... apesar de tudo... não desisto. E nem sei porquê.
Questiono-me que força me move... E não consigo descobrir.
Questiono-me o que me tráz à tona nos dias mais cinzentos... mas a resposta parece estar para lá do lá e do além.
Um esforço incansável... onde as pequeníssimas descobertas são vitórias estrondosas.
E, tenho de admitir que... apesar do cansaço... continuo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Borboletas

Uma pequena lagarta cheia de pequenas pintinhas coloridas e pelinhos nas patas passeia-se pela palma da minha mão.
Sem medo do que o futuro lhe reserva aproveita o sol do dia e a ligeira brisa que corre.
Em breve será um borboleta.
Maravilhosa!
Acredita.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Vôos livres

Agarra-me bem a ti, junto ao peito, para que possa ouvir o teu coração bater num compasso descompassado... ritual... que eu vou fazer o mesmo.
Mas deixa-me as asas de fada bem soltas, bem livres, para que possa voar com paz... sem amarras... que eu farei o mesmo.
Quero voar com a certeza de enternos regressos e encontros... com a certeza de estarmos sempre cá... e lá... para nós e para os outros.
Agarra-me bem a mão para que não escorregue nunca... que eu vou fazer o mesmo.
Mas não a apertes de mais, não a asfixies... para que o ar fresco dos dias possa correr entre elas... que eu farei o mesmo.
Quero correr Mundo e pelo Mundo de mãos dadas... com a certeza de que os cheiros se misturam e se mantém únicos... em simultâneo.
Agarra-me este sorriso dentro do bolso do teu casado... que eu vou fazer o mesmo.
Mas não lhe tapes a luz do sol, que o renova a cada dia e o engrandece... que eu farei o mesmo.
Quero este direito, ganho em muitas batalhas sangrentas, a sorrir... com a certeza de que não volta a desaparecer... nem nas escuridões.
Garante-me um para sempre feliz... que eu farei o mesmo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Certezas tantas

Tinhamos tantas certezas de nós... eu tinha.
E tudo se desmoronou tal como na banal imagem do castelo de cartas.
As lágrimas correram e acabaram por secar. O sorriso amarfanhou-se.
Os passos tornaram-se mais lentos e o coração abrandou até quase parar.
Escurecemos por dentro... eu escureci.
E nunca mais fomos os mesmos... eu não sou.
Somos os mesmos de forma diferentes... quase irreconhecíveis.
Mas o sol não se deixa tapar para sempre e os arco-iris surgem sempre em dias de chuva.
E descobrimos um renovado sorriso... eu descobri.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Rédeas

Pego nas rédeas daquele cavalo à solta e seguro-as bem junto ao peito.
Dou uso às esporas... uma e duas vezes.
E a Terra continua na sua rotação habitual... sem parar.
Desequilibro-me e volto a puxar as rédeas.
Tudo sob um controlo descordenado... descompassado.
Mas é assim que se fabricam sorrisos.
Mas é assim que a vida avança.
Um esticão...outro...mais outro.
E tudo fica no sitio certo.
De onde nunca deveria ter saido.
Onde nunca esteve e nunca vai estar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Volta ao Mundo

Uma pinta azul céu numa tela branca.
E um mar de cores de revolta silenciosa a envolver.
Como um jardim habitado.
Pequenos seres que se movimentam num silêncio quase mutante.
Pequenos seres que rodopiam num vai e vem talentoso.
Um mar... um ar...
Um balão encarnado a pairar... sempre por ali.
Um papagaio de papel preso a um fita verde, verde.
Um moinho de vento enterrado num vaso.
E risos... soltos... desmedidos... desprendidos.
Que rodam no Mundo e dão a volta ao Mundo.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pedrinhas

Ponho uma mão ao bolso fundo do casaco preto e encontro um monte de pedrinhas do chão, da rua, que ele me dá para guardar. E só isto arranca-me mais um sorriso.
Estas pedrinhas abafam qualquer cansaço, as dores, os desesperos e as tristezas... até quase, quase desapareceram... até perderem a sua importância inútil quase, quase por completo.
E durante uma vida faço as pedrinhas rolarem-me por entre os meus dedos. E conheço-lhes as imperfeições e sei que será sempre aí que estará a sua beleza... eterna.

Fábrica das Letras - Beleza

sábado, 16 de janeiro de 2010

Caminhar

Sentei-me de pernas cruzadas no chão frio daquele templo. Limpei as lágrimas secas e mantive a cabeça entre as mãos durante horas.
Lá fora uma chuva miudinha chorava por mim. E uma névoa mansinha borbulhava à minha volta.
Ali estava segura.
Ali sentia o conforto dos intermináveis dias invernosos de toda uma vida.
Ali poderia permanecer num sempre inexistente.
Levantei-me num gesto longo. Senti todos os pequenos músculos a mexerem-se num movimento ténue e indefinifo.
E caminhei...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Outros

Uma gota de suor escorre-me pela cara... uma lágrima mais salgada ainda... um sinal de luta renhida contra os titãs do mal.
Escrevo comigo na primeira pessoa... sobre os outros... com os outros.
E deixo que a vida me marque... cicatrizes de guerra... por mim... comigo... com os outros... todos.
Tento marcar a vida, que se esquiva a cada golpe... mas não foge... bem presa... a mim... com os outros.
E volto a escolher um sorriso... um abraço.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sorrio

A chuva miudinha bate-me na cara e encharca-me a roupa e a pele.
E eu sorrio enquanto caminho por cima das nuvens... descalça.
E eu sorrio imune às dores.
Sinto o cheiro a terra molhada, misturado com o pó dos dias.
E sorrio... simplesmente sorrio.