terça-feira, 24 de novembro de 2009

Curta metragem...a preto e branco

Deu-lhe a mão e tentou puxá-lo para cima... consigo.
O contrapeso estatelou-a naquela chão de vidros e gravilha.
Mas insistia em lhe dar a mão... sempre, porque vinha de sempre... e apesar do sangue que lhe escorria dos cortes e se misturava com as sua lágrimas secas e salgadas.
Tentou mover-se durante eternos momentos... e só conseguiu mais cortes... mais arranhões.
Quando os eternos momentos terminaram no tempo e no espaço... ergueu-se... finalmente.
Curou as feridas, os arranhõe e até as dores.
Rebuscou lá bem no fundo e resgatou um sorriso... que a espaços se vai abrindo no Mundo.
Mas manteve para sempre a sua pequena mão na mão dele.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Que me apetece...

Que me apetece... hummm... tanta coisa boa...
Passear na praia descalça, enquanto os miúdos correm à minha volta... à minha frente.
Sentar-me na areia molhada a refazer castelos.
Abrir a cesta do pic-nic e... simplesmente abrir a cesta do pic-nic.
Enrolar-me num cadeirão, com uma manta quentinha em volta dos ombros... a ler... a ouvir o falar do mar... e conversar com ele. E a beber um chocolate quente.
Sentir o teu cheiro... saber-te a respirar ao meu lado.
Dar-te a mão horas a fio... em silêncio... como o fizémos tantas vezes... como o sonhámos tantas outras...
As nossas lágrimas secas enrolam-se umas nas outras e escorregam-me sem preocupações pela cara.
Desaprendi tudo.

Ping...

ping...ping...ping...
Reviro-me na cama sem conseguir voltar a adormecer.
Culpo a torneira... ping... que não não consigo fazer parar de pingar.
Culpo o barulho do motor do frigorífico que também acordou.
Culpo a corrente de ar que abana a porta que bate baixinho em pancadas secas.
ping... ping...ping...
A cabeça vazia contorce-se em pensamentos agri-doces.
E tenho saudades do que é era suposto ter sido... e ficou suspenso.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Orgulho ferido em troco de paz.
Orgulho engolido em troco de serenidade.
O peito crivado de espinhos que teimam em contorcer-se na pele... na carne... e avançam direitos ao coração... que gela.
Lágrimas secas escorrem pela face... teimosamente.
O andar acelera... entorpece... escorrega...volta a acelerar. Sem nunca sair de onde está.
Porque está preso a um chão... a este chão. ´
Uma húmidade entranha-se pelas solas dos pés e escorrega corpo acima... até à pontinha dos dedos. Que se enternecem com o calor que tenta trespassar a pele... e não consegue... não consegue... não consegue.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Receita para Principes

Ingredientes:
1 sapo gordo e reluzente
2 doses de inteligência
1 dose de perspicácia
Muito bom sentido de humor
Algum estilo
Saber falar português
Gosto pela leitura
2 doses de paciência
1 dose de tolerância
1 sorriso lindo e genuino
1 par de mãos lindas

Mistura-se tudo, polvilha-se com muito saber falar português e gosto pela leitura, e dá-se um beijo no final.
Quem sabe... Talvez resulte...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Em mim

Ando, ando, ando... às voltas... em circulos. Sem sair do lugar.
Primeiro tenho um pé preso... depois os outro. As mãos dormentes. Branca... muito branca cambaleio até ao pontão. Em tropções abruptos e descoordenados.
E enrolo-me em mim. Talvez uns dois dias.
E renasço vezes sem conta... sempre ao primeiro amanhecer.