terça-feira, 30 de junho de 2009

E quando...

E quando do outro lado do Mundo recebemos notícias surpreendentes...
E quando os amigos são mesmo amigos e sentimos isso de uma forma muito forte...
E quando há sempre alguém cá e lá para nós...
E quando recebemos sorrisos do lado de lá de um vidro baço...
E quando partilhamos enormes pequenezas da vida com pessoas muito grandes durante dias seguidos, que ameaçam tornar-se em anos...
E quando recebemos convites alegremente inesperados...
E quando recebemos ombros e somos ombros...
E quando os desabafos e as palavras mais simples nos unem...
É quando voltamos a Acreditar...
É quando a palavra Partilha faz todo o sentido na vida... finalmente!!!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tapete voador

Maria escolheu ao pormenor o seu tapete voador... o tapete que a acompanharia durante toda esta vida, e quem sabe uma outra.
Quando o escolheu era menina do tamanho de uma ervilha e o seu tapete novo, novo e pouco maior que uma ervilha.
Maria foi crescendo e o tapete com ela. Maria atravessou ventos e tempestades, marés e brisas mais suaves, calores fortes com direito a escaldões, chuvas, chuviscos e neves... tudo com o seu tapete... tudo no seu tapete.
A meio da caminhada , mesmo a meio, já os dois tinham poeira entranhada na pele e rasgões, muitos, uns mais remendados que outros... já os dois tinham histórias para contar... já os dois tinha estórias para partilhar...um com o outro... com o Mundo.
E por esta vida, e quem sabe numa outra, acima de tudo ousaram sonhar!

(Abraço enorme Maria...ia. E obrigada pelo Rabisco)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Espinhos

Uma ligeira dor incomoda-lhe as costas... e essa dor aumenta, fina e penetrante atravessa-lhe o tronco e move-se cada vez com mais dificuldade.
E com medo não espreita. E com medo não toca.
Até que um enorme espelho a obriga a ver o espinho que tem cravado nas costas desde a eternidade.
Mas continua a não lhe mexer. Doi? Cada vez mais e mais. Mas aquela dor já a conhece por dentro e por fora. E a sua presença acaba por ser confortável de tão familiar.
E até a coragem vir assim será.
E quando a coragem veio, embalada pelos amores e desamores, arrancou finalmente a dor. E seguiu, diferente e indiferente às proximas dores.
Espinhos cravados nas costas que se enraizam e emaranham no corpo?!?!?

domingo, 21 de junho de 2009

Amigos ;)

E eles estão lá... estão cá... sempre e para sempre. São sempre os do costume e muito menos do que aqueles que às vezes teimamos em querer acreditar.
Partilhamos vidas, partilhamos risos, partilhamos interiores.
Encostamos ombros, trocamos palavras... são os únicos a quem realmente nos damos... são os únicos que realmente se dão.
E eles estão sempre cá e nós estamos sempre lá.
E por mais que banalizemos a palavra... amigo... no fundo sabemos sempre quem eles são.
E esses mantemos sempre bem junto de nós... da nossa alma... do nosso coração... das nossas lembranças... das nossas histórias.
E é com eles que vamos fazendo...sempre...história.
E é com eles que o sempre ganha um sentido eterno!

("E é então que amigos nos oferecem leito, entra-se cansado e sai-se refeito, luta-se por tudo o que se leva a peito"; Primeiro Dia, Sérgio Godinho)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Fôlegos

Inspiro bem até ao fundo, de um fôlego só. Retenho o ar o máximo que posso. E é quando percebo que o meu máximo sou eu a dar o meu melhor.
E aceito isso... respeito... e sorrio.
Mesmo que e quando os outros não percebem, não respeitam, não sorriem.
E sei que conseguirei sempre esticar esse máximo, mas já sem me violentar.
E espero por um amor feliz, sem o procurar e no meio dos meus amores felizes.
E volto a inspirar bem fundo, de um fôlego só. E volto a reter o ar o máximo que posso. E volto a sorrir.
E sei que vai ser assim esta vida e outra e outra.
E pela primeira vez nesta vida isso agrada-me.

domingo, 14 de junho de 2009

Espaços

Arrumo um saco para... 1..2..3...5 dias. E sobra espaço. Um espaço imenso para o que é importante. A roupa fica num cantinho. E chocalha durante uma viagem inteira, durante uma vida inteira.
E pelo caminho a música fica lá longe, entre um ouvido e o outro, e a vida mais próxima corre em zumbidos de uma ponta à outra... do carro... da mala... da cabeça... das memórias.
E de repente aparece um espacinho para ti, que não se quer deixar crescer por medo. Sim, admito, por medo? É uma fraqueza, que o seja, não quero nem saber. E em tudo se vê sinais, daqueles que mandam parar, daqueles que alertam para que nem vale a pena voltar a tentar, que o resultado final será sempre uma cara em ferida.
Vou tentando lutar contra isso, mas é um esforço bem fraco... eu sei.
E a concha fecha e eu atiro-me lá para dentro no segundo anterior.
E está quentinho lá dentro. E isso é... seguro.
O carro pára onde é suposto parar e os únicos braços que não ferem enrolam-se no meu pescoço... e eternizo-me assim.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Tempos no tempo do tempo

É tempo de parar...
De poisar as palavras num canto, para que ressurjam mais à frente entre sorrisos e com mais garra.
É tempo de sentar com as pernas à chinês e simplesmente... pensar...parar.
É tempo de apanhar com o vento na cara, no cabelo e saber que isso é muito bom.
É tempo de limpar as armas para as guardar.
É tempo de lutar sem armas, com as as mãos e os risos e os sorrisos.
É tempo de deixar que o coração bata ao seu ritmo, nem que isso implique que ele páre a espaços.
É tempo de pestanejar e de deixar a poeira entranhar-se.
De sentir... e sentir... e deixar sentir.
De fintar os arranhões e lamber as lágrimas, que voltaram... para ficar...para escorregar pelo cantinho da cara.
É tempo de viver!!!

"É tempo de ser forte, atar os ténis com dois nós. Abraçar o vento norte, sorrir a quem se ri de nós", Susana Félix

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pureza(s)

E quando se perde a pureza perde-se a essência.
E tentamos , quase sempre em vão, agarrarmo-nos a qualquer coisa... qualquer coisa que nos tire da lama em que vivemos. Tentamos desesperadamente procurar e agarra o que resta, para sabermos quem somos... se é este o caminho.
E a lama vai subindo, e pomo-nos em bicos de pés numa luta para manter a cabeça de fora.
Tiramos do nariz e dos olhos, vezes sem conta, aquela massa castanha e mal cheirosa que nos rodeia.
Até que... desistimos de lutar... e aprendemos a viver na lama e com a lama...
...ou não!!! Nunca!!!

terça-feira, 2 de junho de 2009

ping...pong...ping...

Ping...ping...ping...pong.
Cá e lá... Um ontem e um hoje. E o amanhã, quando virá? Virá... virá... virá...
Aqui e ali... Intemporalidade infindável. Respeito.
Que sede... água... água...só água mata a sede. Esta sede.
E o corpo exausto repousa ligeiramente poisado nos lençois brancos de Verão. Já nem deixa marca, os vincos vão-se apagando.
Ping...ping...ping...pong.
Asas suspendem, presas nas costas, fora da caixa.
Pés a exactamente 1 cm do chão... nem mais... nem menos... 1 cm exacto, calculado milimetricamente... por hoje.
Mãos que picam, borbulham, aquecem... e aquecem-nos. Uma chama invisível que descansa na ponta de cada um dos 10 dedos. Mindinho... Seu vizinho... Pai de todos... Fura bolos... e Mata piolhos.
Em lenga-lenga, em alvoroço, em gargalhadas escancaradas.
Ping...ping...ping...pong.
Aqui e ali, agora ou nunca, sempre, para sempre e para depois...
Saltita aqui... Senta ali... ali debaixo do banco, da mesa, dá árvore. Saltita... saltita... saltita.
Pingos de luz pequeninos respingam e enchem um Mundo até transbordar.
E Lilliput desaparece, esfuma-se, fica ainda mais pequena, insignificante. Porque à volta o Mundo acrescenta-se e engrandece.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Saco de papel pardo

Encho um saco, daqueles de papel pardo, com uma mão cheia de palavras. E assim começo uma verdadeira colecção.
Todos os dias acrescentos novas palavras, arrumo-as lé dentro e volto a arrumar.
Componho-as, junto-as, troco-as de sítio... num verdadeiro jogo de prazer absoluto e absurdo viro-as do avesso e mudo-lhes o sentido, com o mesmo sentimento.
Encho a alma com as palavras daquele simples saco de papel pardo... já com nódoas... já com uns dois ou três buracos.
Mas julgam que as palavras caiem? Nunca.
Podem até fugir-me por entre os dedos, mesmo fechados, ou escorregar-me pela boca. Mas dali, daquele saco de papel pardo não saiem. É o seu aconchego, o seu porto seguro.
Ali vivem!