terça-feira, 12 de março de 2013

O amor hesita


“VAI. Se der medo, vai com medo mesmo”. A frase gritou-lhe de uma parede qualquer, de uma
rua qualquer, de uma cidade qualquer, deste mundo.

Olha para o telemóvel… mais um vez. Já perdeu a conta às vezes que o tirou do bolso das
calças e se sentiu tentado a ligar. Hesita… tanto.

Minutos de angústia. Medo de seguir em frente, medo de arriscar. Um medo que lhe tolhe a
capacidade de decidir, que o inunda de receios, anseios e medos, que crescem e o abocanham.

É feliz? Não. Sente que não. Tenta trautear umas cantigas e ensaia uns números de
ilusionismo. Mas a desesperança tomou-lhe conta da vida.

Volta a pegar no telefone. Rabisca uma mensagem que morre ali mesmo, entre um ai e um
suspiro, entre um minuto e outro.

Sensação de desperdício que se descontrola. Um amor trancado em si… que hesita.

2 comentários:

  1. Sinto uma certa dificuldade em ler os algarismos de confirmação no fim de cada comentário. É mesmo um tiro no escuro.
    Se a felicidade de pender da mensagem...

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  2. Quantos amores trancados, mensagens mortas rabiscadas, telefonemas calados, suspiros suspensos em frações de minuto cabem em qualquer rua, qualquer cidade, qualquer mundo?
    E contudo, a terra gira, os ponteiros giram, as pessoa giram no seu quotidiano porque afinal isto é a vida de muitos, com medo, sem medo, ou outras razões que lhes assistem.
    Então, a parede guardou o grito e entristeceu…


    Lindo texto, sem dúvida. Parabéns.

    Com um ramo de :-)

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