sexta-feira, 3 de abril de 2009

Silêncios barulhentos

Encosto-me a uma parede. A transpiração que nunca tive escorre-me pelo corpo. Imagino uma pequena poça de água com sabor a sal ao lado do meu pé esquerdo... e choro. Nem sei bem porquê, mas choro. Apetece-me, pronto... choro.
Importam-se?
Estranhamente as lágrimas não querem abandonar-me os olhos. Mas eu, num imenso exercício de teimosia, choro durante horas. Encostada a uma parede qualquer. Sem noção de onde apareceu aquela parede e onde foi posta. Sem lágrimas.
É aquela... poderia ser outra qualquer.
O barulho ensurdecedor do silêncio fere-me os tímpanos.
O silêncio do Mundo é esmagador.
O silêncio das formigas que correm apressadamente pelas ruas, sempre de sorriso fechado... sempre prontas a cobrar...
O silêncio dos carros, motas, bicicletas em passos apressados...
O silêncio dos passos pequeninos...
O silêncio do burburinho de conversas gritadas ou sussurradas.
Passei a ouvir tudo muito ao longe... até só querer ouvir estes absurdos silêncios.
Que agridem e confortam.
Que empurram e curam as feridas.
Que esmagam, mas carregam ao colo.
E as lágrimas, tão teimosas, que não caiem... à demasiados segundos.

3 comentários:

  1. Lembrei-me uma frase de Isak Dinesen : " A cura para tudo é água salgada: suor, lágrimas ou mar"

    Um beijo

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  2. e um sorriso vindo do outro sorriso que não esperamos.


    um grande abraço!

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  3. Haverá melhor para "lavar" a alma?

    ;)

    P.S.: Recomenda-se visita ao meu estaminé ;)

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