sexta-feira, 17 de abril de 2009

Na ponta dos dedos

Uma chuva miudinha entranhou-se-lhe na carne e começou a roer-lhe os ossos. Mas mesmo assim sorria. Lídia sorria à vida apesar de tudo, apesar dos pesares... e mesmo em dias muito pesarosos.
Esta chuva mais que miudinha também lhe lavou a roupa, a pele, as lágrimas, a alma.
Lídia caminhou durante três horas debaixo da chuva miudinha, de chapéu esquecido na mão. Ou terão sido três dias? Três anos?
Lídia gastou uma vida a caminhar à chuva... ficou sem créditos.
Mas Lídia sorria com a certeza de que via, como ninguém, um arco-iris. Mesmo com a névoa que lhe cobria a vista desde que viu a luz do dia.
Lídia via na ponta dos dedos as cores e os cheiros da chuva.

1 comentário:

  1. A chuva muidinha, que às vezes tanto incomoda, é a que melhor se entranha... Assim diz a sabedoria popular, sem dúvida a mais sábia.

    ;)

    P.S.: Recomenda-se mais uma visita ao estaminé... :)

    ResponderEliminar