segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Carta de amor pós-São Valentim

Lisboa, 15 de Fevereiro de 2009

Meu querido? Olá?
Não sei começar cartas de "amor"... é oficial.

Há quase um ano que nada sei de ti. E, (não muito) curiosamente, não quero saber.
Não quero saber o que fazes o que sentes, por onde andas. Não te desejo qualquer mal ou sofrimento... simplesmente não quero saber, nem sequer cruzar-me contigo. E muito menos quero que saibas de mim, da minha vida. Aliás, proibi o mundo de falar o teu nome e de te ir falar de mim. Porque havia quem insistisse que deveriamos ficar juntos outra vez. Que maldade seria para mim mesma.
Mas isso não quer dizer que não pense em ti, que não me recorde com carinho e saudade do que vivi de bom ao teu lado, e que me esforce (por questões de segurança) para não me esquecer de tudo o que me fizeste sofrer (e foi muito... e foi muito mau).
Tenho acima de tudo saudades das tuas mãos e da tua voz, da tua companhia, das nossas conversas, de rir diparatamente no meio da rua e de corrermos para casa onde os abraços eram ainda mais profundos e encaixavam na perfeição... de tudo o que fizemos a quatro mãos. E foi muita coisa.
Mas aquela paixão que nos ligou por mais de um ano foi obsessiva, controladora, doentia... e eu estava a deixar de respirar... e eu fui-me libertando, atabalhoadamente. como soube e consegui. E sei que aí te magoei. Fizeste-me mal e eu estava a morrer aos poucos. Perdi o sorriso e o brilho nos olhos, mesmo quando estavas ao meu lado. Fiz coisas que sempre condenei e nunca sonhei que poderia fazer... e, principalmente, permiti que me maltratasses.
Como é que ainda tenho saudades de algumas coisas? Não sei, talvez um dia perceba isso. Como é que ainda consigo pensar em ti com carinho? Não faço ideia e nem tento perceber.
Percebo sim que aquela paixão... que era suposto ter-se transformado no amor de uma vida... passou a obsessão, a maus tratos (porque a violência não é só física). E eu amei... tanto e tão sózinha. Até perceber que sempre tive razão, que de amor só se morre mesmo nos livros do Camilo Castelo Branco. Amei até se tornar em mim consciente que estava a amar sózinha... e que não queria isso... e que mereço mais e melhor. E que não tenho perfil para ser maltratada, em silêncio e com vergonha.
Mas custa muito admitir, principalmente quando se rebenta com o Mundo por um amor que depois não o é.
Poderia desfiar aqui um rol de dores, uma lista de desonestidades e acusações. Mas não quero. Isso é mesquinho demais para o tamanho do amor que te dediquei e em nada apaga o que passei. Neste momento só me ocorre pensar que ainda bem que já não estás na minha vida.
E passado mais de um ano, em que o tempo realmente não consegue apagar tudo, voltei a sorrir, voltei a reencontrar-me... talvez um dia também volte a acreditar.

Fica bem,
Maria

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