A esperança é um engodo. Atrai-nos na sua teia, prende-nos os movimentos e suga-nos até cairmos exaustos.
Procurei por Elisa durante anos. Percorri os seus caminhos
habituais durante meses a fio. Ou, pelo menos, aqueles que eu achava serem os
seus caminhos. Senti-me a pisar as mesmas ervas, as mesmas pedras, o mesmo chão
que Elisa. Uma forma de a ter.
Virei todas as esquinas de Lisboa, sempre convencido que era
ali que iríamos voltar a tropeçar um no outro e, agora sim, permaneceríamos
para sempre.
Perdi a conta ao número de vezes que gritei o seu nome
durante a noite. Para depois abrir os olhos e encontrar o vazio da sua
ausência. Pedro a conta ao número de vezes que te acaricie a pele e fizemos
amor devagarinho... em sonhos.
Naquele dia decidi que era a última vez que faria o seu
percurso de comboio. Seria a última vez que percorreria os caminhos de Elisa.
Sentado no comboio, cansado, voltei a casa. Retive na memória o sorriso que o
revisor me entregou.
Abri a porta de casa e olhei em frente, como sempre fazia em
modo de ritual. Elisa estava sentada na ponta do sofá, pernas juntas, mãos nos
joelhos. Nos lábios o batom vermelho vinho.
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