quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Riscos e rabiscos

Rabisca umas letras, ensaia uns traços e nada... o vazio sai-lhe das mãos... instala-se na mente.
Um enorme vazio que lhe enche a alma e se espalha pelo corpo... que abandona com frequência num sofá qualquer, num cadeirão ou até mesmo em pé.
Tudo em branco... já foi em negro... já teve as cores de um arco-íris.
E o Mundo que não pára de girar.
E vai rabiscando sem sentido, sem rumo definido nas linhas traçadas.
Vai rabiscando sorrisos, ensaiando regressos em passos de dança com avanços e recuos.
E pelas pontas dos dedos na areia molhada saiem formas desconexas, sem sentido... aparente. Sorrisos perdidos, desperdiçados.
Escolhe a medo uma folha de papel de entre as muitas de um caderno, entre muitos. Escolheu, está escolhida. Branca...vazia. E aí coloca os rabiscos que atirou para a areia de uma praia qualquer entre muitas.
Com um carinho desmedido embala este vazio.
Shiiiiuuuuuuuu!!! Não façam barulho.
E em bicos de pés atira a cabeça para trás, descai o corpo, sente a humidade da areia entranhar-se-lhe em todos os poros... o lápis rola-lhe da mão... os rabiscos ficam marcados... o vazio a espaços também.

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