segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cigarro

Acorda cinco segundos exactos antes do despertador do telefone querer tocar. Faz um sorriso porque mais uma manhã em que lhe trocou as voltas e o desligou sem o deixar acordá-la em sobressalto. Levanta-se com o cabelo em desalinho e a boca empastada, a saber mal. Toma os comprimidos da manhã e enrola um cigarro, enquanto bebe um copo de leite com chocolate.
Acende o cigarro com o mesmo fósforo que usa para acender o fogão onde aquece a água com que se lava.
Toma um banho apressado enquanto um refogado que começou de forma despreocupada quase queima; entorna a carne lá para dentro e vai-se vestir. O cigarro seguinte é acendido no bico do fogão e é partilhado com uma fatia de pão com manteiga e uma festa no gato.
O cheiro a tabaco e a cebola mistura-se-lhe nas mãos... pontas dos dedos amarelecidas... unhas queimadas.
Uma hora depois sai de casa.
Volta ao fim do dia depois de mais uma rotina cumprida.
E ali fica... cigarro colado entre os dedos...
E ali fica a equilibrar-se na ponta da vida... de uma vida.
O cheiro a cebola e tabaco ainda não saiu das mãos.

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