quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Deste-me a mão... puxámo-nos para cima... para sempre.
Mas final para sempre foram só três dias... vividos ao limite e nos limites. De todos, até de nós próprios.
E depois? Depois foi o não aguentar... o ir largando as mãos... até...
Até termos de recomeçar mais uma vez... Com sangue nas palmas das mãos... e da alma. Que correu horas a fio... mas nos foi libertando... muito lentamente... cada um para o seu lado da vida... mais um vez.

terça-feira, 29 de junho de 2010

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Encontrámo-nos... junto ao rio... depois de anos de desencontros.
Pela tua cara escorria um vazio de lágrimas, de um choro perdido.
Pela minha algumas lágrimas redondas, salgadas, sentidas.
Dançámos ali... demos as mãos num rodopio infinito.
Escrevemos, muito, cantámos, voltámos a dançar.
Corremos as ruelas impossíveis de duas vidas numa só.
Sonhamos com um Mundo a rodar por nós, para nós, connosco. Sonhamos...
E... quando nos desprendemos... Pela tua cara escorriam lágrimas redondas, salgadas. Pela minha um rio seco de lágrimas sofridas.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

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O cansaço é tanto que adormeço enconstada a uma pedra... uma qualquer.
Deixou de ter importância... a sua cor... o seu toque fresco e áspero.
Basta uma simples pedra... uma qualquer.
E adormeço... serena.

terça-feira, 22 de junho de 2010

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Temia isto... que a amizade se esfumasse.
Sinto falta do teu bom senso... da tua segurança de criança perdida no mundo dos grandes.
Dizemos-nos amigos... sempre.
Mas... onde andamos?
Perdemo-nos... escondemo-nos um do outro.
Com medo. Tememo-nos... de certa forma.
E em momentos não nos resistimos... para logo de seguida nos afastarmos, corrermos na direcção contrária de nós mesmos... até um dia.
Até ao dia.

domingo, 13 de junho de 2010

Cerejas

O telefone toca e vou...
Cabelo? Qual cabelo? Curto, bem curto.
Mais uma mudança... mais arrumações...
Tudo o que está a mais vai fora.
Tudo o que me pesa, tudo o que me mantem aprisionada à dor vai para o lixo.
É altura de reciclar... o lixo... a vida... o Mundo.
É tempo de cerejas e de renovar sorrisos.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Há dias...

Há dias assim... em que acorda assim... em que se fica assim... até passar. Um dia. A uma qualquer hora.
Mas não passa...completamente. Fica lá. Está lá.
Às vezes acorda... faz-nos sangrar. Faz-me sangrar.
A esperança esbate-se, esfuma-se. Para se renovar de seguida.
Mas a pequena desilusão que sempre me acompanhou... essa continua lá. No seu ninho quente e traiçoeiro.
Uma luta... (para) sempre.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aqui ou ali?
Cá ou lá?
Ontem? Hoje? Quando?
Nunca? Sempre? Para sempre?
Se...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pausas

Olho e finjo que não vejo... Ponho os óculos escuros e disfarço.
Sinto e finjo que não doi... Ponho um penso. Amanhã é outro dia.
Amanhã é sempre outro dia... um dia de dias que se sucedem... e não dá para pôr em pausa. Só para ir ali num instantinho e voltar.
E... se não voltar? E se deixar a vida em pausa? E me passear por entre um Mundo que parou? Um Mundo meu...
Vou ali... e volto já. Se não voltar?... Fico ali.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Braços

Enrosquei-me naqueles braços quentes... aqueci. A alma... serenou.
O toque doce, de mão de homem.
A respiração bem junto ao meu pescoço... ao meu ouvido.
Uma eternidade consentida... que termina umas horas depois...
Amplio as alegrias. E eternizo-as no tempo... num espaço.
E dormi. Naquele calor.
Ou não... ou tudo se esfuma no bater de uma porta.

sábado, 5 de junho de 2010

até...

Dia sim... dia não... dia sim... dia não...
Bem me quer... mal me quer... bem me quer... mal me quer...
Saltito nas margens daquele rio e faço saltar pequenos seixos redondinhos por cima da água... até mergulharem e desaparecerem.
Molho os pés... as pernas até ao joelhos. Só até aos joelhos. E as calças.
Aquele fresco de uma água que segue o seu caminho sem olhar para trás entra-me pelo corpo e aquece-me estranhamente a alma... mas refresca-me a pele... a cara... os braços... as mãos.
Molho o cabelo e atiro-o para trás das costas. E o passado fica lá... atrás das minhas costas com o cabelo molhado e uma frescura subitamente inexplicável.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Abraço

Dá-me um abraço, sem me tocares. Não me apertes. Mantem a distancia entre o teu eu e o meu... ao mesmo tempo que os dois se entrelançam e vibram numa dança sem sentido...descompassada.
Abraça-me sempre e para sempre... lá... onde o eu sou eu e o tu és tu. Lá... onde o eus se encontram. Lá... naquele ponto... no equilibrio.
Abraça-me onde os sorrisos se unem, os dedos se tocam e os eus se conhecem... de olhos bem fechados.
Abraça-me ao pôr do sol... até ele voltar a nascer. Dias, meses, anos... o tal sempre... e para sempre.
Abraça-me... simplesmente.

Memórias

Durante anos fui guadando tudo, numa pequena caixa de sapatos ortopédicos que foi crescendo com o tempo.
Guardei areia de praias e pedras e conchas.
Guardei os brindes do bolo rei.
Guardei amores e desamores... paixões e desilusões.
Guardei carinhos. Guardei miminhos. Guardei pontapés e pedradas.
Guardei sorrisos e lágrimas. Arrepios de frio. Peles de galinha.
Guardei sonhos, esperanças.
E vivi e fui vivendo. Em luta para respeirar, sempre por mim.
Em luta... quase sempre... quase sempre comigo.