terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Palhaço pobre

Sou um palhaço pobre.
Basta espreitares por trás de um olhar ou, número arriscado, para dentro da alma.
Mal espreitas vês um baú. Lindo, brilhante.
Mas pensa bem antes de o abrires. Podes não gostar do que vais encontrar.
Sou um palhaço pobre.
Habitado por angústias, medos e solidões.
Com um sorriso no canto da boca e uma gargalhada sonora.
Caminho comigo desde tempos imemoriáveis.
Conto sonhos, esperanças e arremeços de euforias.
Para depois voltar à sombra.
Sou um palhaço pobre...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Saber de ti

Vou tentar saber de ti. Procurar-te no mais longe que possa existir... no mais fundo... no mais recondido.
E provavelmente nada saberei.
Viverei um inteira vida sem saber de ti. Sem saber nada de ti.
Mas a achar que te sei.
Que te sei de cor e salteado, de trás para a frente, do avesso e do direito.
Que imensa ilusão. Se nem de mim sei.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Preciso...

Truz... truz...
Sim?
Preciso de um abraço. Daqueles fortes, sabes? Sentido.
Preciso de encostar a cabeça ao teu peito e encontrar o teu coração... só para serenar. Sentir o teu calor... o teu cheiro... juntos a mim e ao bater descompassado do meu coração.
Preciso de fechar os olhos e sentir as tuas mãos à volta da minha cintura. Preciso de me aninhar em ti, que é onde sei que tudo faz sentido. Tudo tem um sentido, um rumo certo, uma razão.
Talvez até tracemos um objetivo e a rota para lá chegar. Juntos. Ou talvez continuaremos deliciosamente à deriva, sem largarmos as mãos.
Sorri para mim... e abraça este sorriso que me ofereces a cada existência.
Juntos.
Porquê?
Simplesmente porque... sim.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Corre, corre...

Corre, corre... Corre, corre...
Corre... Corre... Sem parar.
Nunca páres. Segue em frente.
Faz como toda a gente... que corre sem saber porquê. Que corre sem saber como.
Para onde vais?
Que importa isso?...  Porque perguntas?
Vai simplesmente e não páres. Não questiones. Segue... Segue... Sem parar.
E quando lá chegares... Lá onde? Que importa isso?... Porque perguntas?
E quando lá chegares... enrodilha-te e descansa.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Desde que...

Desde que possa continuar a adormecer enroscada em ti... até ao meu último respirar...
está tudo bem.
Desde que continuemos a andar na rua de mão dada... e a rir alto...
Partilhar... contruir... redefinir.
Dados lançados...sem retorno. Com vagares apressados.
Cumplicidades entrelaçadas. De hoje... de sempre... para sempre.
 
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Lixo

Transformo-me, transfiguro-me... retorno.
Em meu redor tudo se mantem igual, inalterável. Pior que tudo, inabalável.
O lixo amontoa-se, passeia-se com orgulho pela fama, em que se atropela.
Pisa-se e repisa-se, para depois se erguer com uma força desumana. E levar tudo em redor.
Não poupa ninguém. Os afetos morreram-lhe faz tempos.
O que é uma lágrima?
É cão que não reconhece o dono.
É pústula que contamina a sociedade... até à gangrena.
E depois de amputado... regenera-se.
Para voltar a dizimar a vida.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Fio de vida

O curto fio de vida que lhe restava escorregou-lhe pelo canto da boca em forma de sangue.
Fechou os olhos e sentiu o quão pouco tempo pisou esta terra. Naqueles derradeiros segundo lembrou os melhores momento... em flash. E lembrou o todo que não chegaria a concretizar.
Fechou os olhos... e dormiu.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Harmonia

Acordo estremunhada e sinto a onda de calor que emana do teu corpo. Entra no meu para ali permanecer.
Um braço envolve-me a cintura... num abraço. E a tua respiração... pausada... trespassa o ar num bafo quente.
Volto a fechar os olhos...serena. E embalo a minha respiração na tua. Compassadas... em harmonia.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cama

Uma cama que se agiganta no teu silêncio e no meu.
Os corpos separados por meio palmo gelam no espaço que se estende por debaixo dos lençois e das mantas.
O gato passeia-se vagarosamente por cima do cobertor aos quadrados que tenta abarcar todo o espaço. Estica-se, espreguiça-se, tenta enroscar-se para ficar. É enxotado. Mia... chora. Mas sai. Contrariado.
Aninho-me numa ponta e não te sinto.
A noite passa e com ela o agigantar da cama e o frio por entre os lençois.
A manhã chega. Mais uma manhã...

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Tratar disso

Hoje podemos tratar disso...
... programar as férias
... prencher tabelas
... beber um copo de vinho
Podemos também...
... sorrir
... dar as mãos
... trocar mimos
e fazer amor.
Bem no final enroscamo-nos um no outro, como dois gatos com sono, simplesmente para estarmos e adormecermos.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

De ti

Hoje não sei de ti.
Sinto-me assustada. Ansiosa.
Pesa-me a alma.
Desencontrados, por momentos, na mesma cama.
Que ficou vazia, que arrefeceu de nós.
Mais logo, quem sabe... o reencontro. O aninhar.
Mais logo, quem sabe... adormeço em paz.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Miudinha

Cai uma chuva miudinha. Vinda do nada, entranha-se no nada.
Confunde-se com as tuas lágrimas e alimenta a tua angustia.
Varre a terra apodrecida, as folhas das ávores amarelecidas.
E renova-te essa dor pequenina, mas mortal.
Agarras-te a um pequeno tronco, que queres sólido.
E assim navegas até à proxima enxurrada... ou chuva miudinha.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Em mim

Sinto saudades tuas.
De me ter nos teus braços. De me reter... permanecer.
Sinto a falta de sentir o teu calor, colado a mim... em mim.
A tua respiração encostada nos meus cabelos.
As tuas mãos que viajam por mim e comigo.
Sinto saudades tuas.
A cada instante que passa.
Segundos eternos que emperram nos relógios que me cercam.
E que deixam galopar este anseio. Numa liberdade feroz.
Até que por fim... quando o sol se vai pondo... encosto os meus lábios aos teus... quentes.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ano Novo... a mesma vida.

Prepara-se tudo... comida... roupa... maquilhagem... e espante-se, até um pouco de perfume.
Todos dentro do carro.
Telefonemas feitos. "Bom Ano!!!"... "Beijinhos!!!"
Risos, muito risos.
Abraços, cumprimentos... partilha.
"Vou só ali pousar as coisas."
"Onde posso pôr o vinho?"
Abre-se uma garrafa e depois outra. E mais uma depois dessa outra.
As crianças entram e saiem. Corropiam, rodopiam. Uma dança de alegria.
As mais timidas arrastam-se junto dos crescidos. Alguns desenquadramentos. "É muito mais crescida que as outras". "Não tenho paciência para as brincadeiras delas".
Compreendo. Um aperto pequeno pequeno na alma.
A noite segue, entre copos, risos, muita música.
Canta-se e dança-se como a noite exige.
E depois das passas... os brindes, os abarços, os votos de bom ano renovado.
E os sonhos, os desejos, os propósitos na mente de cada um, no coração de todos.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

De tanto te amar também

De tanto te amar tenho de abrir os meus olhos e ver que cresceste... mas vais sempre ser o meu bebé.
Olho para ti com orgulho... do ser que és, das conquistas que fazes, do longe que vais chegando... para já sempre à minha beira.
Um dia voarás mais longe. Mas sempre no meu coração, nas minhas memórias, nos meus sentires.
Para sempre o meu bebé pequenino. Para sempre em meu redor.